Cerca de 50 angolanos manifestaram-se na sexta-feira, 8 de agosto, em frente ao Consulado de Angola em Lisboa, e cerca de 30 concentraram-se diante da Embaixada angolana em Londres, exigindo respeito pelos direitos humanos e responsabilização do Governo pelas mortes ocorridas nos recentes tumultos no país.

Em Lisboa, a concentração começou por volta das 9h00 e manteve-se até perto das 15h00, levando ao encerramento do consulado, o que deixou dezenas de cidadãos sem atendimento e sem aviso prévio. Situação idêntica ocorreu em Londres, onde a embaixada também não abriu portas.
Os manifestantes empunhavam cartazes com a imagem de Silvi Mubiala, morta a tiro pela polícia no bairro Caop B, em Viana, e fotos de ativistas detidos, como Osvaldo Kaholo e Serrote José de Oliveira “General Nila”, exigindo a sua libertação. Palavras de ordem denunciavam a violência policial, a corrupção e a pobreza no país, acusando a elite governante de enriquecer à custa da miséria da população.
O ativista António Tonga criticou a desigualdade social e acusou Portugal de conivência com o regime angolano. Já Jorge Cândido, defensor dos direitos humanos, classificou Angola como uma ditadura e rejeitou a possibilidade de mudanças reais nas eleições de 2027, apontando conluio entre a oposição e o MPLA.
Marinela Marques, jovem participante, defendeu a alternância política, mas disse não ver na UNITA uma alternativa viável, sugerindo a criação de um novo partido que represente melhor os jovens. Por sua vez, Márcia Branco, militante da UNITA residente no Reino Unido, afirmou que a luta ultrapassa as cores partidárias e deve ser encarada como causa coletiva.
Os protestos ocorrem na sequência de manifestações e tumultos registados em várias províncias de Angola, entre 28 e 30 de julho, após uma paralisação dos serviços de táxi. Segundo dados oficiais, esses eventos resultaram em 30 mortos, mais de 200 feridos e mais de 1.500 detenções.
Lusa