Sábado, 9 de Agosto, 2025

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OMS diz que financiamento da saúde em África deve provir dos orçamentos nacionais

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu esta terça-feira que o financiamento da saúde em África deve provir dos orçamentos nacionais dos países do continente, acima do setor privado ou da ajuda internacional.

OMS diz que financiamento da saúde em África deve provir dos orçamentos nacionais

“A responsabilidade de financiar sistemas de saúde sólidos e resilientes recai sobre os governos. A fonte mais eficiente e equitativa de financiamento da saúde é o orçamento nacional”, disse, na abertura da Cimeira Africana sobre Soberania Alimentar, que se realiza hoje no Gana, país da África Ocidental.

A reunião ocorre num contexto marcado por cortes drásticos na ajuda internacional impostos pelos Estados Unidos da América e por vários países europeus, que colocaram em risco a saúde e a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em África.

Além disso, o continente enfrenta atualmente múltiplas emergências sanitárias, incluindo a epidemia de Monkeypox (mpox) e cólera.

“Tanto o capital privado como o capital filantrópico são muito importantes, mas só podem complementar o financiamento público e não devem substituí-lo”, salientou o dirigente da OMS.

Segundo Tedros, “mais dinheiro por si só não é suficiente, o importante é a eficácia com que esse dinheiro é utilizado”, uma vez que, de acordo com os dados da OMS, “até 13% dos orçamentos de saúde dos países de rendimento baixo e médio acabam por não ser utilizados devido a sistemas financeiros públicos fracos”, afetados por elevadas taxas de corrupção, por exemplo.

“Isso é dinheiro perdido, mas, mais importante ainda, significa vidas perdidas”, afirmou.

Entre as soluções que a OMS está a promover em conjunto com os governos africanos e de todo o mundo estão o desenvolvimento de pacotes de serviços de saúde essenciais e políticas rentáveis; o estabelecimento ou aumento de impostos sobre o tabaco, o álcool e as bebidas açucaradas; o investimento na produção local de medicamentos e sua aquisição conjunta a nível continental, entre outros.

“Também devemos enfrentar as limitações estruturais. O peso da dívida está a desviar os investimentos sociais e o financiamento dos doadores muitas vezes contorna os sistemas nacionais, o que torna quase impossível o planeamento a longo prazo”, destacou Tedros, que assegurou que “África não precisa de caridade, África precisa de condições justas”.

Personalidades como os ex-Presidentes Olusegun Obasanjo (1999-2007), da Nigéria, e Ellen Johnson Sirleaf (2006-2018), da Libéria, além do próprio chefe de Estado do Gana, John Dramani Mahama, e outros responsáveis políticos e atores-chave da saúde no continente e a nível mundial, compareceram na capital ganesa, Acra.

“Devemos rejeitar a ideia obsoleta de que a saúde prejudica as nossas economias (…) A saúde é o motor da produtividade e a base do crescimento inclusivo”, afirmou Mahama durante o seu discurso.

Segundo informou este fim de semana a presidência ganesa, durante a cimeira será deliberada e aprovada a Iniciativa de Acra, um documento orientado para a ação que estabelecerá princípios comuns, indicadores e um roteiro para reformar a governação sanitária.

A reunião insere-se nos esforços liderados pelo Presidente do Ruanda, Paul Kagame, e pelas instituições da União Africana (UA) para melhorar o financiamento da saúde e a coordenação continental neste domínio.

Lusa

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