Após quase dois dias de tumultos em Luanda, resultantes da paralisação dos taxistas contra a subida do preço do gasóleo, cresce o descontentamento popular com o silêncio do Presidente da República, João Lourenço. A ausência de uma declaração oficial num momento marcado por protestos, pilhagens, destruição de bens públicos e privados e confrontos com as forças da ordem gerou forte reação nas redes sociais, especialmente na página oficial da Presidência no Facebook.

Entre os comentários, muitos exigem um posicionamento imediato do Chefe de Estado. “Um presidente mesmo da República, pelo estado que o país está, fica mesmo em silêncio total”, escreveu Afonso H. Kixocota, ecoando a frustração de vários internautas. Outros, como Joaquim Lunda, manifestaram expectativa de uma resposta: “Vamos lá ver se haverá um pronunciamento do Cidadão João Lourenço no final da plenária. O país está na expectativa de ouvir-lhe após o cenário todo que está à volta dos distúrbios.”
Houve quem pedisse soluções concretas e diálogo com a sociedade: “Esperamos que encontrem as melhores soluções para resolver o problema do povo, e não se vinguem do povo. Nós precisamos das vossas soluções e que Deus vos conduza neste momento”, comentou Armando De Jesus Cuaco. Já Donvideira Matemático Soki apelou: “Estamos aguardando o discurso do senhor Presidente sobre os últimos acontecimentos. Por favor! Não estamos a esperar ouvir leituras de texto, mas sim o Presidente em alto e bom som.”
Entre as vozes mais críticas, destacam-se pedidos de demissão: “Com todo o respeito, peço ao senhor presidente: demita-se e entregue o cargo a alguém competente e capaz de conduzir Angola ao desenvolvimento”, escreveu Engrácia Tussamba Tchaculunga, enquanto Clementino CG lamentou: “Achávamos nós que eras pessoa ideal para governar o país. Mas agora notamos que houve um equívoco da nossa parte. Nós, como patrão, queremos que assines uma carta de demissão.”
Outros comentários revelaram desconfiança nas decisões do Executivo: “Nada tira da minha cabeça a ideia de que quem conversa diretamente com o João sobre as tomadas de decisões não são angolanos (…) aumenta o preço da gasolina, faz um coro no aumento salarial, mata o fulano e faz parecer um acidente…”, escreveu José António.
A ausência de uma comunicação presidencial também despertou apelos emocionais, como o de Samuel Sambali: “Pessoas morrendo, empresários aflitos, negócios fechados, fome, miséria, desespero total pela população e a presidência não se pronuncia (…) Nesta altura seria bom ouvir a voz do pai. Basta uma palavra de consolo, de esperança, de motivação, isto faria muita diferença.”
Apesar das críticas, alguns internautas mantiveram uma postura de apoio ou esperança, elogiando a realização da 7.ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente: “Ainda que tardiamente, a realização desta sessão revela algum sinal de atenção às inquietações do povo”, comentou Franga Franga.
As mensagens revelam um país dividido entre quem aguarda soluções e quem exige mudanças profundas, refletindo uma crescente pressão social para que a liderança do Estado se pronuncie sobre os acontecimentos que abalaram Luanda.