Quinta-feira, 31 de Julho, 2025

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Greve de Taxistas em Luanda: Primeira Jornada Marcada por Vandalismo, Pilhagens e Caos no Transporte

Barricadas, pneus queimados, pilhagens e viaturas vandalizadas marcaram, esta segunda-feira, o início da greve dos taxistas de transportes privados em Luanda, convocada em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis e das tarifas de táxi.

Os “azuis e brancos”, como são conhecidos os táxis de referência, cumpriram o primeiro dos três dias de “paralisação pacífica”, deixando milhares de cidadãos sem transporte. As paragens de autocarros registaram procura acima do normal, obrigando muitos a caminhar longas distâncias para chegar ao trabalho.

Na Avenida Fidel de Castro, estrada direita de Viana, no Quilómetro 30, no município de Cacuaco, e nas zonas do Camama e Calemba 2, verificou-se um elevado número de pessoas a aguardar transporte. Algumas esperaram mais de três horas por um autocarro ou táxi, enquanto outros optaram por deslocar-se a pé.

“Estou aqui há mais de três horas, não há táxi, os autocarros aparecem cheios. Corro o risco de faltar ao serviço”, lamentou Paixão Mateus, carpinteiro de 37 anos.

Barricadas e Pilhagens
No Calemba 2, uma das zonas mais afetadas, foram erguidas barricadas com contentores de lixo, árvores cortadas e pneus incendiados, impedindo a circulação automóvel. Grupos de cidadãos e mototaxistas bloquearam vias e agrediram condutores, levando à intervenção da polícia, que usou disparos para dispersar os manifestantes, sem grande sucesso.

Armazéns, supermercados e até postos de abastecimento de combustível foram vandalizados e pilhados. Antónia Jorge, testemunha de um saque num supermercado, repudiou a violência:

“Isso é vandalismo, a greve é dos taxistas, o mercado não tem culpa. Roubar é crime, a polícia tem de agir”, afirmou.

População Revoltada com Preço dos Combustíveis
Os manifestantes alegaram que a subida do preço da gasolina e a consequente alta das tarifas de transporte estão a agravar as dificuldades da população.

“A vida está muito cara, muita gente sem emprego, há famílias em desespero”, desabafou Valéria Daniel, de 22 anos.

Moto taxistas tentaram deslocar-se até à sede do Governo de Luanda, mas foram travados pela polícia.

Associações Pedem Respeito à Classe
O taxista Joaquim Catimba explicou que a greve, prevista até quarta-feira, exige a revisão do preço dos combustíveis e mais respeito pela classe.

“A paralisação é justa, queremos apenas condições para trabalhar. O aumento do preço do combustível não nos deixa alternativa”, disse.

Apesar de alguns motoristas terem “furado” a greve, a paralisação provocou grandes constrangimentos à mobilidade na capital.

Lusa

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