Mais de 15 mil casos de violência contra crianças foram denunciados em Angola no primeiro semestre de 2024, segundo dados revelados esta quarta-feira pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, durante o lançamento da campanha “Somos Todos Iguais”. O levantamento mostra que 90% das agressões ocorrem dentro de casa ou em igrejas, espaços que deveriam garantir proteção e segurança.
Entre as denúncias registadas pela linha SOS, destacam-se 560 casos de violência sexual e mais de 6 mil episódios de exploração laboral infantil. A campanha, que tem como lema “Educação para a Igualdade de Género e a Luta Contra a Violência Infanto-Juvenil”, pretende chamar atenção para os perigos que as crianças enfrentam mesmo em ambientes considerados seguros.
De acordo com o Instituto Nacional da Criança (INAC), só entre janeiro e outubro de 2024 foram registados 26 386 casos de violência infantil, incluindo fuga à paternidade, violência física e psicológica, abuso sexual, trabalho infantil e abandono.
A Primeira-Dama alertou ainda para a necessidade de uniformizar os dados sobre violência infantil e de reforçar os mecanismos de denúncia e acompanhamento, de modo a permitir uma intervenção mais eficaz por parte das autoridades. O Governo comprometeu-se a adotar medidas legislativas e sociais mais robustas, enquanto a campanha “Somos Todos Iguais” aposta na sensibilização de famílias, igrejas e comunidades para a prevenção da violência.
“Os pais, parentes próximos, vizinhos e até líderes religiosos, que deveriam proteger, são muitas vezes os próprios agressores”, destacou Ana Dias Lourenço.
A luta contra a violência infantil em Angola ainda enfrenta desafios significativos, mas o Governo e as organizações parceiras esperam que, com educação, legislação e maior participação comunitária, seja possível reduzir substancialmente estes índices e criar um ambiente mais seguro para todas as crianças.
