Quarta-feira, 9 de Julho, 2025

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João Lourenço defende inclusão de África na economia global e elogia papel dos BRICS na cooperação multilateral

O Presidente da República de Angola e presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, discursou este domingo, 7 de julho, na XVII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos BRICS, na cidade do Rio de Janeiro, onde defendeu uma reforma da governação global e destacou a urgência de se fortalecer o multilateralismo e o papel dos BRICS no financiamento do desenvolvimento em África.

João Lourenço defende inclusão de África na economia global e elogia papel dos BRICS na cooperação multilateral

Discursando em representação da União Africana, João Lourenço sublinhou que as instituições internacionais criadas após a Segunda Guerra Mundial já não respondem aos desafios atuais e devem ser ajustadas às novas realidades. “As nações do mundo têm lidado há décadas com instituições de governação global criadas após a II Guerra Mundial, mas com as profundas mudanças que se vêm registando nestas oito décadas, precisam de se ajustar”, afirmou.

O estadista angolano destacou que os países do Sul Global têm reivindicado há décadas a sua inclusão nas decisões sobre desenvolvimento e afirmou que, pela primeira vez, África vê nos BRICS uma possibilidade real de ser ouvida, especialmente em matérias como o financiamento de infraestruturas nas áreas da agricultura, saúde, educação, ciência e tecnologia, energia, transportes e telecomunicações.

Infraestruturas como pilar do desenvolvimento africano

Lourenço revelou ainda que, para dar visibilidade à importância das infraestruturas, a União Africana realizará em outubro, em Angola, uma grande conferência internacional subordinada ao tema “Infraestruturas como Factor de Desenvolvimento em África”, com o objetivo de atrair parceiros internacionais comprometidos com o progresso do continente.

Reforçou também que os BRICS podem desempenhar um papel relevante na construção de um equilíbrio mais justo entre o Sul Global e os países desenvolvidos, sobretudo em matéria de comércio, investimento e financiamento, com condições menos onerosas para os países mais carenciados.

Agenda 2063 e integração africana

O Presidente angolano reiterou que África definiu a sua própria estratégia de crescimento e transformação – a Agenda 2063 da União Africana – e que a cooperação com os BRICS pode ser determinante para alavancar o investimento necessário à industrialização, electrificação e consolidação da Zona de Livre Comércio Continental Africana.

Conflitos e instabilidade global

João Lourenço aproveitou o seu discurso para defender a resolução pacífica dos conflitos e apelou ao fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ao conflito entre a RDC e o Ruanda, e ao fim do genocídio do povo palestiniano em Gaza. Condenou ainda o alastramento do terrorismo na região do Sahel e no Corno de África, particularmente na Somália.

“Acreditamos que os BRICS devem colocar-se numa posição de fazer valer a observância das regras que regem as relações internacionais, conferindo primazia ao diálogo e ao entendimento na base do respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas”, declarou.

Relações históricas com o Brasil

No encerramento da sua intervenção, João Lourenço saudou o Brasil, anfitrião da cimeira e futuro presidente pro tempore dos BRICS, recordando os laços históricos que unem o país ao continente africano e elogiando as iniciativas inscritas na agenda da presidência brasileira do bloco.

A cimeira dos BRICS, que se realiza num contexto de ausências notáveis como as de Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), reúne cerca de 30 países e dez organizações internacionais e concentra-se em quatro temas principais: reforma das organizações da ordem internacional, promoção do multilateralismo, combate à fome e à pobreza e promoção do desenvolvimento sustentável.

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