A decisão de substituir a russa Alrosa como parceira nas minas de diamantes de Angola foi mal compreendida no início, mas era necessária para proteger os interesses de todas as partes, afirmou hoje o ministro dos Recursos Minerais.

Diamantino Azevedo, que tutela os recursos minerais, o petróleo e o gás, destacou, durante uma apresentação sobre a indústria de diamantes, realizada hoje em Luanda, que esta mudança “nem sempre foi bem entendida, inclusivamente pela própria Endiama” (a diamantífera estatal angolana).
A saída da empresa russa, alvo de sanções internacionais desde a invasão da Ucrânia, exigiu, segundo o governante, um “trabalho árduo” por parte do Estado angolano para salvaguardar os interesses nacionais e manter a estabilidade no setor.
“Encontrámos uma solução que satisfez todas as partes envolvidas — o anterior parceiro, o atual parceiro e nós próprios”, garantiu, sublinhando que a perda de valor das minas de Catoca e Luele era prejudicial para todas as partes.
“A vida é assim, a vida é feita de momentos, é feita de adaptações, mas acima de tudo dos interesses de Angola e dos angolanos”, frisou o responsável.
Diamantino Azevedo assinalou a necessidade de valorização do diamante natural como resposta à crescente concorrência dos sintéticos, afirmando que, neste momento, o mais importante “é provar o valor do diamante natural”.
“Quando há uma zona cinzenta, sempre vai surgir alguém a aproveitar (…). Temos de ser nós próprios a valorizar o diamante natural”, salientou.
O ministro destacou, por outro lado, que a prioridade do setor não deve recair apenas sobre a produção, mas sim sobre a capacidade de escoamento e venda, já que “o negócio não é produzir, é vender”, o que tem levado a várias iniciativas diplomáticas para reforçar a imagem de Angola no mercado internacional, incluindo contactos com certificadores, bolsas de diamantes e casas de joalharia como a Tiffany.
Outra frente de atuação do Governo, assinalou, tem sido o reforço da indústria local de lapidação, sobretudo desde a criação do polo de Saurimo (Lunda Sul), estando já a ser planeado um novo polo no Dundo (Lunda Norte).
Entre os desafios que persistem, apontou a mineração artesanal e ilegal, à qual se opõe por considerar que não beneficia os garimpeiros.
O ministro afirmou que o regime de mineração semi-industrial foi criado como alternativa, mas admitiu que ainda não se atingiram os resultados esperados.
“Vamos trabalhar mais neste sentido”, prometeu, apelando também a um maior envolvimento das comunidades.
“Temos de envolver mais as comunidades. E, essencialmente, fazer mais por aquelas comunidades que estão adjacentes aos projetos, as comunidades rurais, os municípios e províncias onde estamos instalados”, vincou.
Lusa