O Presidente da República de Angola e Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, destacou na noite desta quarta-feira, em Bruxelas, a importância vital da Aliança Global para as Vacinas (GAVI) e apelou ao reforço do financiamento e da solidariedade internacional para garantir que nenhuma criança no mundo fique sem acesso às vacinas que salvam vidas.

Durante a sua intervenção na Cimeira de Reposição de Fundos da GAVI, João Lourenço realçou que o mundo vive tempos de profunda incerteza — com guerras, crises económicas, pandemias e alterações climáticas — e que, diante desses desafios, as vacinas continuam a ser “uma das ferramentas mais simples, eficazes e custo-efectivas que a Humanidade já criou para proteger e prolongar a vida”.
Lourenço agradeceu à GAVI pelo papel determinante que tem desempenhado em África, permitindo a ampliação do acesso a vacinas em mais de 25 países de baixo rendimento. Sublinhou que só entre 2021 e 2025 a Aliança canalizou mais de 5 mil milhões de dólares para o continente, com Angola entre os países beneficiários, tendo introduzido sete novas vacinas, incluindo contra pneumonia e diarreias virais — duas das principais causas de morte infantil.
O estadista angolano anunciou ainda que Angola pretende introduzir brevemente a vacina contra o Papiloma Vírus Humano e, posteriormente, a vacina contra a malária — a principal causa de morte no país. Destacou igualmente os avanços alcançados com a instalação de cadeias de frio alimentadas por energia solar, a digitalização da gestão de vacinas e a formação de profissionais de saúde, como parte de um programa que envolve 38 mil técnicos de várias áreas críticas.
João Lourenço defendeu que o esforço agora solicitado à comunidade internacional — a mobilização de 9 mil milhões de dólares para o período de 2026 a 2030 — não é apenas um investimento económico, mas um dever moral e um compromisso com as próximas gerações.
“Cada dólar mobilizado hoje transforma-se em esperança concreta para milhões de famílias”, afirmou.
O Presidente angolano foi claro ao dizer que África quer deixar de ser apenas beneficiária e passar a ser coautora do futuro da imunização global. Reiterou o apoio à iniciativa “African Vaccine Manufacturing Accelerator” da GAVI, que visa impulsionar a produção regional africana de vacinas, e defendeu a transferência de tecnologia, parcerias estratégicas e capacitação científica da juventude africana.
“Queremos vacinas acessíveis, feitas por africanos, para africanos e para o mundo”, declarou, lembrando que 60% da população do continente tem menos de 25 anos, o que representa uma vantagem estratégica para o futuro da Humanidade.
Encerrando a sua intervenção, João Lourenço lançou um apelo forte aos parceiros internacionais para que se comprometam com a GAVI. “Vamos agir com coragem, liderar com visão, investindo na vida. A História nos julgará não apenas pelo que dissemos, mas sobretudo pelo que decidimos fazer ou não fazer juntos, em prol da Humanidade.”