Angola está a implementar um ambicioso programa de formação de 38 mil profissionais de saúde em áreas críticas, com o objectivo de reforçar os cuidados primários de saúde em todo o território nacional. O anúncio foi feito esta quarta-feira, em Bruxelas, pelo Presidente da República, João Lourenço, durante a Reunião de Alto Nível da Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI).

“Investir na formação dos profissionais é investir na soberania sanitária”, afirmou o Chefe de Estado angolano, sublinhando que a eficácia de qualquer sistema de saúde “não depende apenas de vacinas e equipamentos, mas sobretudo de profissionais capacitados”.
O programa prevê a formação de 3 mil médicos, 9 mil enfermeiros especializados, 9 mil técnicos de enfermagem, 9 mil técnicos de diagnóstico e terapêutica, 4 mil profissionais do regime geral e 4 mil profissionais de apoio hospitalar, totalizando os 38 mil profissionais até 2027.
A formação decorre maioritariamente em Angola (cerca de 80%), mas também inclui componentes internacionais. Um primeiro grupo de 117 médicos finalistas da especialidade de Medicina Geral e Familiar já foi enviado para estágios em Portugal, estando previstos envios adicionais para Cuba e Brasil, num total de 630 profissionais.
Este plano conta com o apoio técnico da GAVI e financiamento do Banco Mundial, no montante de aproximadamente 200 milhões de dólares, que permite não apenas a capacitação técnica mas também a modernização de infraestruturas de apoio, como sistemas digitais de informação, logística e cadeias de frio alimentadas a energia solar.
João Lourenço destacou ainda que Angola tem vindo a formar profissionais em áreas-chave como epidemiologia, logística, gestão de dados e outras especialidades cruciais para a execução eficaz do Programa Nacional de Imunização.
Desde 2018, mais de 41 mil novos profissionais foram admitidos no sistema nacional de saúde, representando um crescimento de mais de 40% na força de trabalho do sector e contribuindo para a descentralização dos serviços de saúde nas 18 províncias do país.
Com esta iniciativa, Angola pretende melhorar significativamente o acesso aos cuidados de saúde primários, sobretudo em zonas rurais e remotas, reforçar a resposta a emergências sanitárias e consolidar os avanços já obtidos no combate a doenças como a poliomielite, sarampo, febre-amarela e COVID-19.
“A sustentabilidade da imunização global está em jogo”, advertiu o Presidente João Lourenço. “Cada profissional formado representa um passo rumo à soberania sanitária, ao desenvolvimento e à segurança colectiva do nosso povo.”