Sexta-feira, 27 de Junho, 2025

O seu direito à informação, sem compromissos

Pesquisar

Número de deslocados no mundo regista ligeira queda, mas permanece insustentavelmente elevado, alerta a ONU

O número de pessoas forçadas a abandonar as suas casas devido a guerras, violência e perseguições registou uma ligeira redução nos primeiros meses de 2025, mas continua a níveis “insustentavelmente elevados”, advertiu esta quinta-feira (12) o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no seu relatório anual.

De acordo com o documento, o total de deslocados em todo o mundo caiu de 123,2 milhões, no final de 2024 — o valor mais alto já registado — para 122,1 milhões no final de Abril deste ano. A redução deve-se, em grande parte, ao regresso de cerca de dois milhões de sírios às suas casas, tanto a partir do exterior como de outras regiões do próprio país, após anos de guerra civil e a queda do regime de Bashar al-Assad, em Dezembro de 2024.

Apesar desta ligeira melhoria, o ACNUR sublinha que o futuro destes números dependerá fortemente da evolução de vários conflitos em curso, nomeadamente no Sudão, Mianmar e Ucrânia.

“Vivemos um período de grande volatilidade nas relações internacionais, no qual a guerra moderna está a criar um cenário frágil e devastador, marcado por um sofrimento humano agudo”, afirmou Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para os Refugiados. Grandi apelou ao reforço dos esforços diplomáticos e humanitários para alcançar soluções duradouras para as populações forçadas ao deslocamento.

O responsável alertou ainda para o preocupante contexto de redução do financiamento humanitário internacional, afectando negativamente a capacidade de resposta da comunidade internacional. Uma das principais razões para esta quebra é o corte de apoios por parte dos Estados Unidos, historicamente um dos maiores doadores globais em operações de ajuda humanitária.

A Síria, após 13 anos de guerra civil, vive agora um momento de transição. Com a queda do governo de Assad, cerca de 1,7 milhão de pessoas — entre refugiados no estrangeiro e deslocados internos — já regressaram às suas regiões de origem entre Novembro de 2024 e Maio de 2025. O ACNUR estima que, até ao final deste ano, perto de 1,5 milhão de sírios que se encontravam no exterior e dois milhões de deslocados internos possam regressar às suas casas.

Por outro lado, o Sudão continua a ser o país mais afectado pela crise de deslocados. Desde o início da guerra civil em Abril de 2023, o número de sudaneses obrigados a abandonar os seus lares atingiu os 14,3 milhões, tornando-se no maior movimento de deslocação forçada actualmente em curso no mundo.

O ACNUR conclui que, apesar dos sinais positivos provenientes da Síria, a situação global de deslocamentos forçados permanece crítica e sem uma solução próxima, agravada pela instabilidade política e pelos cortes financeiros nas operações de assistência.

×
×

Cart