Quinta-feira, 5 de Junho, 2025

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Colapso do governo nos Países Baixos: Geert Wilders retira PVV da coligação devido a divergências sobre migração

Amesterdão, 3 de junho de 2025 – O líder da extrema direita holandesa, Geert Wilders, anunciou a saída do seu partido, o PVV (Partido Pela Liberdade), da coligação governamental dos Países Baixos, provocando o colapso do Executivo e abrindo caminho para eleições antecipadas.

A decisão foi comunicada através da rede social X (antigo Twitter), onde Wilders afirmou que “não há assinatura para nossos planos sobre asilo… O PVV deixa a coligação de governo”. Segundo o político, a coligação falhou em aplicar “a política de migração mais rigorosa da história dos Países Baixos”, apesar do compromisso assumido após a vitória do PVV nas eleições de novembro de 2023.

A retirada do apoio do PVV assinala um novo momento de instabilidade na quinta maior economia da União Europeia, num cenário em que partidos de extrema direita ganham cada vez mais força no continente. Tentativas de última hora para salvar a coligação fracassaram, e Wilders comunicou oficialmente ao primeiro-ministro a retirada dos ministros do seu partido do governo.

“Assinei pela política de asilo mais rigorosa, não pela queda dos Países Baixos. A nossa responsabilidade neste governo termina agora”, declarou o líder populista, conhecido por suas posições anti-imigração e o visual característico que lhe valeu o apelido de “Trump holandês”.

O plano defendido por Wilders incluía medidas como o encerramento das fronteiras a requerentes de asilo e reagrupamentos familiares, o não estabelecimento de novos centros de acolhimento, o encerramento dos já existentes e a deportação de cidadãos com dupla nacionalidade condenados por crimes. As propostas têm sido alvo de críticas de especialistas, que as consideram ilegais ou de aplicação impossível.

Apesar da sua vitória eleitoral, Wilders foi impedido pelos parceiros de coligação de assumir o cargo de primeiro-ministro. O escolhido para liderar o governo foi Dick Schoof, ex-diretor dos serviços de informação.

Extrema direita em ascensão na Europa

O colapso do governo holandês ocorre num momento em que a extrema direita continua a ganhar terreno na Europa. Em Portugal, o Chega ficou em segundo lugar nas últimas eleições; na Alemanha, a AfD duplicou os resultados nas legislativas de fevereiro, atingindo 20,8%; e na Polónia, Karol Nawrocki, um fervoroso admirador de Donald Trump, foi eleito presidente com 50,89% dos votos.

O futuro político dos Países Baixos permanece incerto, com novas eleições legislativas a caminho e o PVV ainda na liderança das sondagens, embora com uma margem cada vez mais apertada frente à coligação de ecologistas e sociais-democratas e ao liberal VVD.

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