A União Europeia e o Reino Unido intensificaram esta terça-feira a pressão diplomática sobre Israel, exigindo o fim da ofensiva militar em Gaza e a entrada imediata de ajuda humanitária. A escalada de violência no enclave palestiniano, onde dezenas de civis continuam a morrer diariamente sob bombardeamentos, levou vários governos europeus a reverem os seus acordos com Tel Aviv.
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, anunciou que a UE irá reavaliar o Acordo de Associação com Israel, em vigor desde 2000. “Salvar vidas deve ser a nossa prioridade”, declarou, acusando Israel de bloquear deliberadamente o acesso à ajuda.
Em Londres, o Reino Unido suspendeu as negociações de um acordo de livre comércio com Israel, acrescentando que a atual campanha militar “é moralmente injustificável, totalmente desproporcional e contraproducente”, segundo o chanceler britânico David Lammy.
A resposta do governo israelita não tardou: “As pressões externas não desviarão Israel de seu caminho em defesa da sua existência”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, que também criticou a posição de Kallas por “incentivar o Hamas”.
Apesar da liberação de 93 camiões com ajuda da ONU — a primeira entrada significativa de mantimentos desde março — as Nações Unidas classificaram a acção como “uma gota no oceano” face à gravidade da crise. A ONU teme uma fome generalizada em Gaza, onde milhões de pessoas enfrentam escassez extrema de alimentos, medicamentos e abrigo.
Na Faixa de Gaza, os bombardeamentos continuam. Pelo menos 44 pessoas morreram esta terça-feira, “a maioria crianças e mulheres”, segundo os primeiros socorros locais. Testemunhas relataram ataques a escolas e campos de refugiados. O exército israelita afirma ter atingido “mais de 100 alvos terroristas”.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, reiterou a intenção de manter o controlo sobre toda a Faixa e condicionou um cessar-fogo ao “exílio” do Hamas e ao “desarmamento” do território.
A guerra começou em 7 de Outubro de 2023 com um ataque do Hamas no sul de Israel, que causou 1.218 mortos e o sequestro de 251 pessoas. A contraofensiva israelita já provocou, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 53.573 mortes — número considerado credível pelas Nações Unidas.
Os contactos diplomáticos mediados pelo Egipto, Catar e Estados Unidos estão suspensos, e os negociadores israelitas foram retirados de Doha. O Catar alertou que a intensificação da ofensiva compromete “qualquer possibilidade de paz”.