A Aliança Democrática (AD), coligação entre o PSD e o CDS-PP liderada por Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas antecipadas realizadas no domingo, 18 de maio, ao conquistar 89 deputados, incluindo os três eleitos pela coligação AD/PPM no círculo dos Açores. Ainda que tenha saído vitoriosa, a AD não alcançou a maioria absoluta de 116 deputados, o que abre caminho para uma legislatura marcada por negociações políticas e incertezas quanto à governabilidade.

O Partido Socialista (PS), liderado por Pedro Nuno Santos, registou uma das suas piores prestações dos últimos anos, elegendo apenas 58 deputados. Este número representa um empate com o Chega, partido de extrema-direita liderado por André Ventura, que também conquistou 58 mandatos, reforçando substancialmente a sua presença no Parlamento.
Face aos resultados eleitorais, Pedro Nuno Santos anunciou a sua demissão do cargo de secretário-geral do PS. “É tempo de abrir um novo ciclo no Partido Socialista”, afirmou, numa declaração em que felicitou Luís Montenegro pela vitória, reconheceu a derrota e deixou um alerta quanto ao crescimento da extrema-direita, que descreveu como “cada vez mais violenta, agressiva e antidemocrática”. O líder socialista garantiu ainda que não será candidato à sua própria sucessão e convocou eleições internas para a escolha de uma nova liderança.
A Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda registaram resultados mais modestos, com 8 e 5 deputados eleitos, respetivamente. O PAN e o Livre elegeram um deputado cada, e o PCP voltou a ter uma representação reduzida, com 4 mandatos. A abstenção ficou em 35,7%, ligeiramente inferior à registada nas legislativas de 2022, sinalizando uma participação cívica mais expressiva.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá agora iniciar rondas de audições com os partidos representados na Assembleia da República para encontrar uma solução de governo viável. Luís Montenegro, apesar de não dispor de maioria absoluta, reafirmou a intenção de governar, mas o PS já fez saber que não viabilizará um governo minoritário da AD, e rejeita qualquer bloco central.
Os votos dos círculos da emigração — Europa e Fora da Europa — ainda estão por apurar e poderão ter impacto marginal na distribuição final dos mandatos. A contagem desses votos termina até 28 de maio.
Com um Parlamento fragmentado e sem uma maioria clara, o futuro político de Portugal dependerá da capacidade de diálogo entre as forças partidárias e da vontade do Presidente da República em conferir posse a um governo minoritário ou convocar novo ato eleitoral.