Domingo, 1 de Junho, 2025

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FMI diz que Angola tem que melhorar instrução e competências se quer diversificar a economia

Economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) consideram crucial a melhoria do capital humano, colmatando um défice de competências, para Angola diversificar a economia apostando na agricultura, setor com potencial de criar emprego largamente superior ao petrolífero.

FMI diz que Angola tem que melhorar instrução e competências se quer diversificar a economia

A média na África Subsariana das empresas que identificam uma força de trabalho sem instrução como uma restrição severa aos negócios é de 15%, mas em Angola essa percentagem é de quase o dobro, referem os economistas Carmen Avila-Yiptong e Zviad Zedginidze numa análise que aborda as principais barreiras à diversificação económica do país.

“O último Inquérito às Empresas do Banco Mundial mostra que 26% das empresas inquiridas consideram que uma mão de obra inadequadamente instruída é uma restrição empresarial severa em Angola”, fundamentam, apontando que Angola tem dependido fortemente do petróleo, mas é no setor não petrolífero que se concentra o emprego.

Os economistas frisam, aliás, que “o desemprego e a percentagem de emprego no setor industrial mantiveram-se estáveis”, apesar do aumento da produção de petróleo até ao início da década de 2010, o que sugere que esta atividade “não se traduziu em criação robusta de emprego e oportunidades no mercado de trabalho”.

Ao mesmo tempo, o emprego no setor agrícola tem aumentado constantemente e, atualmente, representa quase metade do emprego total, escrevem no documento divulgado a coincidir com uma missão do FMI a Angola que terminou esta semana.

Nesta análise de potenciais políticas corretivas para apoio ao desenvolvimento da força de trabalho, os economistas afirmam que a elevada concentração no setor informal (cerca de 80% em 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística) está precisamente associada a níveis limitados de habilitações e competências da mão de obra.

Para mostrar a grande proporção de trabalhadores subqualificados em Angola, recordam que “a média de anos de escolaridade em Angola é de 5,8 anos. Embora as matrículas no ensino secundário tenham atingido 54 por cento, menos de um quarto da população com mais de 25 anos concluiu o ensino secundário”.

“No futuro, os resultados educativos serão particularmente relevantes para a diversificação e resiliência económica de Angola, uma vez que 65% da população tem entre 0 e 24 anos”, insistem.

Melhores resultados em termos de capital humano “traduzem-se numa força de trabalho mais produtiva, que pode satisfazer as necessidades dos setores de maior valor acrescentado e atrair o investimento estrangeiro”, frisam ainda os dois analistas.

Olhando o Plano Nacional de Desenvolvimento traçado pelo Governo angolano, os analistas do FMI avaliam como positivas algumas medidas traçadas e o aumento do orçamento para a educação, mas consideram-nas insuficientes.

No Orçamento Geral do Estado para 2025 o Governo de João Lourenço afetou 2,2 biliões de kwanzas (cerca de 2,14 mil milhões de euros) a despesas relacionadas com a educação, “um aumento modesto em relação a 2024”, representando cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), “aquém da média da África subsaariana, que é de 5,8% do PIB”, alertam os analistas.

As autoridades devem “executar políticas específicas para colmatar o défice de competências em setores emergentes de alta prioridade, tendo em vista maior eficiência do investimento público, e currículos de ensino e formação profissional inovadores e relevantes para o emprego que satisfaçam as necessidades do setor privado”, recomendam.

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Os especialistas do FMI apontam ainda soluções implementadas por economias em desenvolvimento que tiveram resultados de “grande sucesso”.

“Orientar os resultados da educação para servir setores prioritários”, como a Índia fez, “alargar o ensino e a formação técnicos e profissionais”, referindo aqui o exemplo do Vietname, e “coordenar os objetivos em matéria de capital humano e do planeamento do desenvolvimento económico nacional”, como fez a Coreia, são alguns casos referidos.

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