Rita Matias, deputada do partido Chega em Portugal, está no centro de uma polémica após ter utilizado uma expressão controversa durante um debate televisivo. No programa Frente a Frente, da News Now, que teve lugar no dia 16 de janeiro, a deputada afirmou que era necessário “limpar Lisboa dos ratos”. A declaração foi feita num debate com o eurodeputado do PS, Bruno Gonçalves, e muitos interpretaram a expressão como dirigida aos imigrantes que vivem na capital portuguesa.

A declaração gerou uma onda de indignação, com críticas vindas de vários setores da sociedade portuguesa e internacional. Organizações de defesa dos direitos humanos classificaram o comentário como xenófobo e inaceitável num país que sempre se orgulhou da sua história multicultural.
Portugal é o lar de uma grande comunidade de imigrantes, incluindo muitos cidadãos angolanos, devido aos laços históricos entre os dois países. De acordo com dados recentes, a comunidade angolana em Portugal conta com mais de 55.000 pessoas, tornando-se a segunda maior comunidade estrangeira no país, atrás apenas dos brasileiros.
Os angolanos têm desempenhado um papel significativo na economia e na sociedade portuguesa, contribuindo em áreas como saúde, construção civil, educação e comércio. No entanto, episódios como o que envolveu Rita Matias podem prejudicar o ambiente de integração, alimentando tensões sociais.
Diversos líderes políticos e sociais condenaram a fala da deputada do Chega. Ana Gomes, ex-eurodeputada e figura pública em Portugal, classificou o comentário como “um discurso de ódio disfarçado de política”. Já Rui Tavares, deputado do Livre, destacou que é necessário combater a retórica xenófoba que ameça os princípios democráticos.
Por outro lado, Rita Matias e o partido Chega justificaram a declaração, alegando que a expressão foi “mal interpretada” e que se referia, alegadamente, à criminalidade e aos problemas urbanos da cidade. Contudo, a ambiguidade da afirmação reforçou as críticas de que o partido continua a fomentar discursos discriminatórios.
Portugal tem sido um destino preferido para muitos angolanos que buscam melhores condições de vida, educação e trabalho. Episódios de discriminação ou discurso de ódio podem criar barreiras na integração dessas comunidades e prejudicar as relações entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP).
O incidente serve como um alerta para a necessidade de promover uma narrativa inclusiva, que valorize a diversidade cultural e combata qualquer forma de preconceito. Enquanto isso, as declarações da deputada continuam a ser debatidas no parlamento e nas redes sociais, evidenciando a crescente polarização política em Portugal.