O Presidente russo, Vladimir Putin, fez hoje um balanço dos combates na Ucrânia, congratulando-se pelo ritmo a que as suas tropas estavam a avançar e por terem “a iniciativa estratégica” em todas as frentes no final deste “ano crucial”.
“As tropas russas têm a iniciativa estratégica ao longo de toda a linha de contacto”, afirmou Putin, num discurso aos dirigentes do Ministério da Defesa, informando terem sido “libertadas” 189 cidades e aldeias ucranianas durante este ano.
Para Putin, 2024 foi um “ano crucial para alcançar os objetivos da operação militar especial”, voltando a recorrer aos termos que utilizou inicialmente para caracterizar a invasão à Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022.
Em menor número e com menos armamento, as forças ucranianas estão a perder terreno gradualmente, mas a um ritmo que se acelerou desde o outono, segundo a agência noticiosa France Presse (AFP).
Os soldados russos estão agora às portas de Pokrovsk, uma importante cidade mineira e centro logístico no leste da Ucrânia, que tentam capturar há meses.
Depois da intervenção de Putin, o ministro da Defesa russo, Andrei Belooussov, detalhou que a Rússia conquistou este ano 4.500 quilómetros quadrados (km2) do território ucraniano e que está a avançar “30 km2 por dia”.
O exército russo avançou 725 km2 em território ucraniano durante o mês de novembro, o que representa o maior ganho territorial num único mês desde março de 2022 e das primeiras semanas do conflito, segundo uma análise da AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização com sede nos Estados Unidos.
O recorde anterior datava de outubro quando o avanço foi de 478 km2.
A Ucrânia tem uma superfície de mais de 600.000 km2, dos quais a Rússia controla quase 20%, incluindo a península da Crimeia, que foi anexada em 2014.
O exército russo afirmou hoje ter conquistado uma nova cidade, Yelyzavtivka, cerca de dez quilómetros a sul de Kurakhove, uma cidade industrial no leste.
Kiev está a tentar conter as tropas russas e apela a um maior apoio dos seus aliados ocidentais.
Mas a continuidade do apoio, que tem sido crucial, não está garantida com o regresso à Casa Branca (presidência norte-americana) do republicano Donald Trump em janeiro.
Os Estados Unidos têm sido o principal doador da Ucrânia e já forneceram a Kiev mais de 62 mil milhões de dólares em ajuda militar desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Moscovo e Kiev têm tentado influenciar a posição do líder republicano, tendo como pano de fundo possíveis negociações entre as duas partes, que poderão começar no próximo ano.
Trump já apelou a um “cessar-fogo imediato” e a conversações. Tanto os aliados europeus como os ucranianos temem que Trump possa forçar Kiev a fazer grandes concessões e dar ao Kremlin (presidência russa) uma vitória militar e geopolítica.
Nas declarações de hoje, Putin também voltou a acusar os países da NATO, aliados da Ucrânia, de representarem uma ameaça para a Rússia.
“Os países da NATO estão a aumentar as suas despesas militares. Os grupos de intervenção da Aliança foram formados e montados perto das fronteiras da Rússia”, acusou.
O chefe do Kremlin disse ainda que as forças russas estão a começar a utilizar sistemas assistidos por Inteligência Artificial.
“Os soldados estão a receber sistemas robóticos avançados, alguns dos quais utilizam tecnologias de Inteligência Artificial”, anunciou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Lusa