A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) pediu hoje ao Governo angolano “tratamento diferenciado” das empresas brasileiras em Angola, para ajudar a desenvolver o setor agropecuário no país africano, lamentando dificuldades de alguns empresários.
Segundo o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o Brasil, sob a liderança de Lula da Silva, “está de regresso a África e a Angola para ajudar no seu desenvolvimento”, sobretudo com a sua vasta experiência no setor agropecuário e na formação de cooperativas.
“Precisamos trazer nossas cooperativas para cá, para que elas ajudem a formar cooperativas aqui com a tecnologia de cooperativas que o Brasil conseguiu desenvolver, porque a cooperativa é algo que não visa lucro, mas faz comércio e cresce”, disse Jorge Viana durante o Fórum Empresarial Agro Brasil-Angola, em Luanda.
Salientando que o Brasil “tem as maiores cooperativas do mundo”, que podem ajudar o povo angolano a formar, em parceria, as suas cooperativas, Jorge Viana lamentou, contudo, dificuldades de empresas brasileiras em Angola.
“Temos tido alguma dificuldade, temos alguns exemplos, a BR-Foods [empresa brasileira do setor agroalimentar], por exemplo, está tendo problemas aqui”, referiu, sem especificar, dando conta que esta empresa está a ser convidada para se instalar em todo o mundo.
Falando no Instituto Guimarães Rosa, em Luanda, perante uma plateia composta por empresários brasileiros e angolanos, funcionários de departamentos ministeriais e pelos ministros da Agricultura e das Relações Exteriores de Angola, Jorge Viana pediu “tratamento diferenciado”.
“Gostaria de pedir ao Governo de Angola que não veja o Brasil como mais um país vindo aqui querendo assinar acordos de cooperação, veja o Brasil como uma grande oportunidade, um país que quer seguir sendo irmão de Angola”, disse. Um
O Governo de Lula da Silva, segundo o presidente da ApexBrasil, “não abre mão” de trabalhar com os países africanos, e especialmente com Angola, defendendo a necessidade de se “montar uma relação estratégica onde haja um tratamento diferenciado para as empresas brasileiras”, que não deve ser visto “como um favor, mas para dar oportunidade dessas empresas virem para cá e não irem para outros lugares”.
Para Jorge Viana, Angola não pode “estabelecer uma regra geral para o mundo e colocar o Brasil nessa regra geral”.
“Se acontecer isso, vamos jogar fora as oportunidades que o Presidente Lula da Silva e o Presidente angolano, João Lourenço, nos estão oferecendo”, salientou, aludindo aos acordos assinados em agosto de 2023 durante a visita do chefe de Estado brasileiro a Angola.
Destacou também a experiência brasileira na agropecuária e que deve ser partilhada com Angola no quadro das relações bilaterais, insistindo que a liderança de Lula da Silva é uma grande oportunidade para os dois países lusófonos.
Arlindo Rangel, presidente do conselho de administração da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (Aipex), disse, por sua vez, que o fórum visa fortalecer as relações agropecuárias, promover a troca de experiências, estabelecer parcerias estratégicas e explorar oportunidades de negócio entre os dois países.
Considerou que investimento no setor agropecuário angolano “é oportuno”.
“É uma das prioridades do Estado angolano a segurança alimentar e a diversificação económica, com ênfase no setor agropecuário através do aumento da produção de alimentos tradicionais para o consumo interno”, declarou.
O agronegócio é para Angola um investimento considerado necessário, gozando por isso de todo o apoio burocrático da Aipex, que se traduz em benefícios fiscais, aduaneiro, segurança jurídica e procedimentos simplificados que visam acelerar a concretização dos negócios de empresas brasileiras em Angola, assegurou.
A maior comunidade do Brasil em África encontra-se em Angola com cerca de 30.000 cidadãos e perto de 200 empresas brasileiras operam no mercado angolano, conforme dados da Aipex.
Lusa