Sábado, 7 de Dezembro, 2024

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Milhares de libaneses regressam a casa após cessar-fogo entre Israel e Hezbollah

Dezenas de milhares de libaneses expulsos pela guerra entre o Hezbollah e Israel regressaram hoje a casa, após a entrada em vigor do cessar-fogo, e encontraram as suas cidades e aldeias devastadas.

Milhares de libaneses regressam a casa após cessar-fogo entre Israel e Hezbollah

O conflito entre o exército israelita e o movimento islamista libanês começou há mais de 13 meses, transformando-se numa guerra aberta em setembro e causando milhares de mortos.

Cerca de 900 mil pessoas foram deslocadas no Líbano e 60 mil no norte de Israel.

Antes do amanhecer, milhares de moradores deslocados do sul do Líbano, dos subúrbios a sul de Beirute e de Bekaa, no leste do país, bastiões do Hezbollah, iniciaram o caminho de regresso a casa, em carros e miniautocarros sobrecarregados, com colchões e malas empilhados nos telhados, segundo avançou a agência de notícias AFP.

Nas ruínas dos subúrbios do sul, apoiantes do Hezbollah brandiam a sua bandeira amarela ou retratos do seu líder, Hassan Nasrallah, morto no final de setembro por Israel.

“Este subúrbio heroico venceu, estamos orgulhosos”, disse à AFP Nizam Hamadé, engenheiro.

O movimento xiita, decapitado pelos ataques israelitas, proclamou a sua vitória, acrescentando que os seus combatentes “permanecerão totalmente prontos para enfrentar […] os ataques do inimigo israelita”.

De regresso a Nabatiyé, no sul do Líbano, Ali Mazraani disse estar “chocado com a destruição maciça” daquela cidade, que parece agora “estrangeira”.

“Apesar da extensão da destruição e da nossa dor, estamos felizes por ter regressado”, disse Oum Mohamed Bzeih, uma viúva de 44 anos que encontrou a sua casa devastada na aldeia de Zebqine. “Sentimo-nos renascidos”, afirmou.

O Hezbollah, aliado do Irão, abriu uma frente de apoio ao Hamas contra Israel, no início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada a 07 de outubro de 2023 pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestiniano.

Após meses de trocas de tiros em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma campanha de bombardeamento massivo contra os bastiões do movimento a 23 de setembro, seguida de operações terrestres no sul do Líbano, afirmando querer proteger a sua fronteira norte e permitir o regresso de pessoas deslocadas.

Nos termos do acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos e pela França, o exército israelita tem 60 dias para se retirar gradualmente do Líbano.

O Hezbollah deve também recuar para norte do rio Litani, a cerca de trinta quilómetros da fronteira, e desmantelar a sua infraestrutura militar no sul do Líbano.

O exército libanês anunciou hoje que estava a começar, “em coordenação” com a força de manutenção da paz da ONU, a FINUL, a reforçar a sua presença no sul.

O exército israelita, por sua vez, apelou aos residentes para não se aproximarem das suas posições no sul do Líbano.

“Controlamos posições no sul do Líbano, os nossos aviões continuam a voar no céu libanês […] Hoje prendemos suspeitos e matámos terroristas”, disse o porta-voz do exército, Daniel Hagari, acrescentando que o exército atingiu “180 alvos” na noite anterior ao cessar-fogo.

Segundo as autoridades libanesas, pelo menos 3.823 pessoas foram mortas no país desde outubro de 2023, a maioria desde o final de setembro.

Do lado israelita, morreram 82 soldados e 47 civis em 13 meses, segundo as autoridades.

Depois de mais de um ano a correr para os abrigos assim que as sirenes soavam, os residentes do norte de Israel desfrutam agora da nova calma, mas permaneceram em guarda.

Em Nahariya, uma cidade costeira ao alcance dos ‘rockets’ do território libanês, Baha Arafat, um homem de 44 anos, disse estar aliviado.

“Sinto-me muito melhor agora que sei que há um cessar-fogo”, confidenciou.

Também Yuri, de 43 anos, deslocado do seu kibutz Yiron, perto da fronteira, para Haifa, disse sentir mais segurança. “Os nossos filhos podem voltar à escola, […] mas não nos sentimos completamente tranquilos, porque o Hezbollah ainda tem força”, acrescentou.

Lusa

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