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Venâncio Mondlane pede três dias de luto e carros parados na rua

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou hoje aos moçambicanos para cumprirem três dias de luto nacional pelas “50 vítimas mortais” nas manifestações pós-eleitorais, a partir de quarta-feira, incluindo uma paragem e buzinão dos carros por 15 minutos.

Venâncio Mondlane pede três dias de luto e carros parados na rua

“Vamos parar todas as viaturas e buzinar em homenagem aos nossos heróis (…) os que não têm viaturas, das 12:00 às 12:15 [menos uma hora em Luanda], levantem cartazes, da reposição da verdade eleitoral, nos semáforos, no meio das ruas, como se fossem sinaleiros”, apelou Venâncio Mondlane, numa transmissão em direto na sua conta oficial na rede social Facebook, anunciando uma nova fase de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro.

A ação para os dias 20, 21 e 22 de novembro, em todo o país, é o luto pelas vítimas, manifestantes que participaram em ações de protesto anteriores, disse, “baleadas pelas autoridades que as deviam proteger”.

“Vamos decretar luto nacional pelos mártires da revolução das panelas. Três dias de luto nacional (…) Não é de qualquer maneira que morrem 50 pessoas e a sociedade fica impávida e serena”, afirmou Mondlane.

Neste período, apelou igualmente à população para manter o protesto ruidoso noturno dos últimos dias, de bater panelas e outros instrumentos, mas “sem marchas”, cingindo-se apenas à porta de casa ou ao quarteirão, face aos “infiltrados” e “vândalos” nestes protestos.

“A nossa manifestação vai ser estar de preto, bater panelas, levantar cartazes. Não vamos pegar em nenhum pau, em nenhuma catana, em nenhum objeto contundente”, afirmou, insistindo que as viaturas, “onde estiverem”, devem parar por 15 minutos a partir das 12:00.

“É a homenagem que queremos prestar aos que morreram”, disse, admitindo ainda: “Aparentemente estamos a baixar a nossa intensidade, mas estamos em luto”.

Afirmou que as 50 vítimas da ação da polícia em manifestações desde 21 de outubro “morreram como heróis, como mártires de uma revolução”.

Antes desta comunicação, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que vai proferir esta tarde uma “comunicação à nação” sobre a “situação do país no período pós-eleitoral”.

A comunicação do chefe de Estado está agendada para as 17:00 locais (16:00 em Luanda), a partir do gabinete da Presidência da República, em Maputo, anunciou Nyusi na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Um Presidente da República tinha ligado ao Venâncio”, retorquiu o candidato.

Ao longo da intervenção, referindo-se às manifestações anteriores, que envolveram confrontos com a polícia, que as travou, Venâncio Mondlane afirmou que os protestos são de base “profundamente pacifica”, que pretendem uma mudança com base “em meios democráticos e pacíficos” e em “instrumentos legais”.

Disse mesmo que já rejeitou anteriormente “declarações de fidelidade” de militares e antigos guerrilheiros para mudanças em Moçambique pela “via armada”.

“Tudo o que é violência, agressões físicas a pessoas, destruição de bens privados ou públicos, viaturas, assaltos, seja qual for o tipo de violência, nós repudiamos de forma veemente”, afirmou, garantindo: “Nunca, mas nunca, vamos usar meios violentos para conseguir qualquer propósito. Isto tem de ficar claro para toda a gente”.

Os líderes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, os dois maiores partidos da oposição e ambos também candidatos ao cargo de Presidente da República na votação de outubro, já pediram nos últimos dias a anulação e repetição das eleições, alegando várias irregularidades no processo.

“Esqueçam. Nós queremos a verdade eleitoral. Quem ganhou, ganhou. Os votos não se negoceiam”, disse Venâncio Mondlane, sobre essas posições.

Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.

Lusa

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