O Presidente da República de Angola, João Lourenço, recebeu nesta sexta-feira, na Cidade Alta, o ministro do Interior de Moçambique, Pascoal Pedro Runda, enviado especial do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi. Embora oficialmente descrita como uma visita para reforçar os laços de cooperação entre os dois países, a audiência ocorre num contexto de crescentes suspeitas sobre o envolvimento de Angola nas questões eleitorais moçambicanas.
Fontes moçambicanas e analistas políticos têm acusado o governo angolano de apoiar a Frelimo, partido no poder em Moçambique, na repressão de protestos pós-eleitorais e na perseguição a figuras da oposição, como Venâncio Mondlane. Acredita-se que os serviços secretos angolanos desempenham um papel direto nessas ações, o que levanta questionamentos sobre a neutralidade de Angola em relação ao processo político moçambicano.
Em comunicado divulgado na página oficial da Presidência angolana no Facebook, foi afirmado que a reunião discutiu “temas de interesse comum entre Angola e Moçambique, reforçando os laços de cooperação bilateral e a parceria histórica entre os dois países”. Contudo, analistas interpretam a visita como parte de uma estratégia para consolidar o apoio ao governo moçambicano em meio a tensões políticas internas.
A alegada interferência angolana nas eleições moçambicanas coloca o governo de João Lourenço sob escrutínio, com críticos a alertarem que tais ações podem comprometer a estabilidade política na região e a imagem de Angola como mediador regional.