O Governo moçambicano avisou esta quarta-feira que “não quer que se repita” a paralisação quase total em três dias da semana passada, convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, prometendo segurança às empresas, apesar do apelo a sete dias de greve.
“O nosso apelo é que as empresas se mantenham abertas. O nosso apelo é que os trabalhadores, os funcionários, se dirijam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança e queremos que o país não tenha paragem, porque isso vai ter grandes efeitos na economia do país”, disse o ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno.
O governante liderou uma reunião que juntou hoje, em Maputo, ao longo de várias horas, cinco ministros, de áreas como transportes, turismo, pescas, energia, indústria e comércio, com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), para analisar “os impactos” das manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane – que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro -, realizadas em 21, 24 e 25 de outubro, bem como nova paralisação anunciada a partir de quinta-feira, durante sete dias.
“Portanto, foi quase uma paralisação total, com poucas empresas a funcionarem. Este é um cenário que o Governo não quer que se repita, sobretudo porque nós somos um país pobre, um país que precisa trabalhar, um país que já teve experiência amarga da guerra”, reconheceu o ministro.
“Nós pretendemos que o país continue em paz, que as manifestações não sejam para a destruição da economia, que não sejam para destruição das infraestruturas e que não seja ninguém impedido de ir trabalhar, porque essa é, de facto, a forma de termos a economia a funcionar”, disse Silvino Moreno.
O ministro garantiu que será dada segurança às empresas e que as manifestações anunciadas, desde que sem envolver violência ou impedindo os trabalhadores de se deslocarem ao emprego, podem acontecer.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na passada quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação, e o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria”, e prometeu uma “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.
Na terça-feira, Venâncio Mondlane convocou novas paralisações e protestos pelo período de uma semana a partir de quinta-feira, a culminar com uma manifestação nacional a 07 de novembro em Maputo.
Lusa