A plataforma eleitoral Decide, Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana, disse hoje que pelo menos 47 pessoas foram baleadas durante as manifestações de contestação das eleições em Moçambique da última semana.
“Foram também registados cerca de 47 casos de baleamentos pela polícia, sendo, desse número, 46 civis e um polícia nas províncias de Maputo, Manica, Tete, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Niassa”, lê-se num comunicado de atualização de dados sobre as manifestações, divulgado na página do Facebook da plataforma eleitoral.
Segundo a ONG, entre os dias 21 e 27, período em que se registaram os protestos, pelo menos 11 pessoas morreram, das quais cinco em Nampula, no norte de Moçambique, três em Manica, no centro, e outras três em Maputo, sul do país.
A plataforma eleitoral Decide contabilizou ainda 464 casos de detenções ilegais durante as manifestações, de um total de 1.105 pedidos de intervenção em diferentes casos recebidos através da linha de denúncia disponibilizado pela entidade.
“Grande parte [das detenções] foi reportada à Ordem dos Advogados de Moçambique, que procedeu com a soltura imediata de um pouco mais de 250 pessoas contabilizadas até então em quase todas províncias do país”, refere a plataforma.
Um pouco por todo o país foram registadas manifestações desde segunda-feira, maioritariamente violentas, em protesto contra os resultados das eleições de 09 de outubro, após convocação de paralisações pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não aceita os resultados, que dão vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.
O candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria”, e prometeu uma “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.
O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, estima que dez pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira.
Lusa