A fabricante de automóveis Volkswagen lançou hoje negociações cruciais sobre o seu futuro, após a ameaça de encerrar fábricas na Alemanha, uma medida sem precedentes na história do grupo.
Mais de 3.000 trabalhadores, provenientes de diferentes locais do país, segundo o sindicato IG Metall, concentraram-se em frente ao centro de conferências onde a administração da Volkswagen e os representantes dos trabalhadores iniciaram as conversações sobre um programa destinado a economizar.
Segundo Thorsten Gröger, negociador do IG Metall, “todos os locais de produção devem permanecer”.
O grupo automóvel anunciou no início de setembro um projeto para encerrar várias fábricas na Alemanha, com possíveis despedimentos.
Os representantes dos trabalhadores, que dispõem de poder de codecisão sobre a estratégia da empresa, comprometeram-se a contestar esses planos, com a ameaça de greves que podem paralisar o maior empregador industrial da Alemanha.
“Estamos a assistir atualmente a um novo ataque às nossas raízes”, acusou Daniela Cavallo, da comissão de trabalhadores da Volkswagen, também envolvida nas negociações.
“Não se pode resolver os problemas a agitar a ameaça de encerrar fábricas, lançando às urtigas a nossa garantia de emprego em vigor há 30 anos e assustando os trabalhadores com notícias sobre despedimentos em massa”, afirmou, dirigindo-se aos manifestantes.
As negociações que decorrem em Hanover, onde se situa a sede da Volkswagen, devem durar várias semanas.
O líder da Volkswagen, Oliver Blume, à frente do grupo desde 2023, insiste que os custos de produção na Alemanha são demasiado elevados, quando as vendas estão a cair e os fabricantes chineses aumentam a concorrência nos veículos elétricos.
A Volkswagen tem perdido terreno no mercado chinês, após vários anos de sucesso. O abrandamento económico da China pressionou as vendas e os fabricantes locais impuseram os seus avanços tecnológicos em matéria de veículos elétricos.
A crise que o grupo atravessa é sintomática dos desafios que a indústria automóvel enfrenta à escala mundial e é também um teste para a Alemanha, em plena estagnação económica, onde a Volkswagen tem um papel importante.
Lusa