O Presidente da República de Angola, discursou na 79.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, abordando um conjunto de temas cruciais para o cenário internacional atual. Em seu pronunciamento, ele destacou a importância do multilateralismo e defendeu a reforma das Nações Unidas, particularmente do Conselho de Segurança, para refletir as realidades contemporâneas, com uma representação mais justa para os países do Sul Global, incluindo África, América Latina, o Médio Oriente e o subcontinente indiano.
Papel das Nações Unidas e Reforma do Conselho de Segurança
O Presidente angolano criticou o enfraquecimento do papel das Nações Unidas em questões de paz e segurança internacional, ressaltando a necessidade urgente de uma reforma do Conselho de Segurança. Segundo ele, a atual composição ainda reflete a realidade do pós-Segunda Guerra Mundial, desconsiderando o crescimento e o papel de muitas nações emergentes e independentes. O líder angolano defendeu que esta reforma é essencial para fortalecer o papel da ONU na governança global.
Compromisso de Angola com a Paz em África
No que tange ao continente africano, o Presidente destacou o empenho de Angola na busca pela paz, especialmente em conflitos como o do leste da República Democrática do Congo (RDC), onde Angola tem mediado acordos de cessar-fogo. Ele também alertou sobre a situação humanitária no Sudão e na região do Sahel, defendendo uma maior coordenação entre a comunidade internacional e a União Africana para promover soluções pacíficas e duradouras para esses conflitos.
Crise Global e Conflitos Regionais
O discurso também abordou a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, classificando-a como uma ameaça à estabilidade e segurança global, com impactos diretos na segurança alimentar e energética. O presidente enfatizou a necessidade de uma solução negociada e reafirmou que a paz só pode ser alcançada por meio do diálogo e concessões mútuas.
Sobre o conflito entre Israel e Palestina, o presidente angolano condenou a violência e o sofrimento de civis, especialmente na Faixa de Gaza, apelando para o fim imediato das hostilidades e para que a comunidade internacional assuma sua responsabilidade na resolução do problema. Ele também pediu o fim do embargo a Cuba e das sanções ao Zimbabué, considerando-as medidas injustas e prejudiciais.
Progresso de Angola em Infraestruturas e Energia Limpa
No âmbito doméstico, o Presidente realçou os esforços de Angola para promover o desenvolvimento sustentável e a diversificação da economia. Ele destacou o investimento em energias renováveis, incluindo a construção de barragens hidroelétricas e parques fotovoltaicos, que já representam 67% da matriz energética do país. Também mencionou projetos importantes, como a construção da barragem de Caculo Cabaça e de novas linhas de transmissão de energia, que visam a interconexão com países vizinhos.
Além disso, o Presidente sublinhou a importância da conectividade e da infraestrutura para o comércio africano, destacando o Corredor do Lobito como um projeto estratégico que pode transformar as economias da África Austral.
Combate à Corrupção e Recuperação de Ativos
O Presidente angolano aproveitou a ocasião para falar sobre os progressos no combate à corrupção em Angola, mencionando casos concretos de recuperação de ativos, incluindo a devolução de 2,5 mil milhões de dólares por parte do Reino Unido. Ele lamentou, no entanto, que nem todos os países estejam colaborando na restituição de ativos desviados.
Análise
O discurso do Presidente João Lourenço na ONU refletiu a postura proativa de Angola no cenário internacional, defendendo uma reforma global que favoreça a equidade entre as nações e promovendo uma agenda de paz e desenvolvimento. O país se mostrou comprometido com a cooperação internacional, em prol do combate ao terrorismo e de outras ameaças à segurança mundial.
Angola, nas palavras de seu presidente, reafirma-se como um país aberto ao investimento, à cooperação e ao diálogo, com o objetivo de consolidar seu papel como um dos motores de desenvolvimento na África e no mundo.