Quinta-feira, 10 de Outubro, 2024

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Número de presos libertados da maior prisão da RDCongo sobe para mais de 1.600

Mais de 1.600 presos doentes e sem tratamento adequado durante meses ou até anos foram libertados domingo da prisão de Makala, a maior da República Democrática do Congo (RDCongo), uma medida governamental para descongestionar as cadeias.

Número de presos libertados da maior prisão da RDCongo sobe para mais de 1.600

O número é bem superior ao divulgado inicialmente pelo Governo da RDCongo, quando anunciou a libertação de 648 reclusos, incluindo oito menores, da prisão de Makala.

Um total de 1.685 prisioneiros “gravemente doentes” deixou Makala, na capital do país, Kinshasa, no domingo, de acordo com informações do Ministério da Justiça congolês e da imprensa local, divulgadas ao final do dia de segunda-feira.

Em imagens partilhadas pelo Ministério da Justiça na rede social X, os reclusos podem ser vistos sentados no chão à espera de sair da prisão, muitos deles em condições físicas muito deterioradas, muito magros e com feridas abertas nas pernas.

As fotografias mostram que alguns deles estão mesmo a ser transportados em carrinhos de mão.

Em declarações aos meios de comunicação congoleses, Yves Kisombe, porta-voz do Ministro da Justiça, Constant Mutamba, admitiu que muitas das pessoas detidas em Makala estão em prisão preventiva, ou seja, nem sequer foram julgadas.

“Quando se está detido irregularmente sem uma decisão dos juízes, é preciso ser libertado”, afirmou Kisombe.

Entre os prisioneiros, alguns que necessitavam de cuidados médicos urgentes foram levados para o hospital a expensas do ministério.

“Não posso acreditar no que me está a acontecer. Tenho ferimentos, dores, mas o ministro deu-me alta. Vou recuperar a minha vida. Não voltarei a roubar, não voltarei a tirar o que não me pertence”, declarou um dos detidos, com a voz trémula e arrastada por não conseguir andar devido aos ferimentos.

“Vocês devem ser modelos porque estamos a dar-lhes a oportunidade de recuperar a vossa liberdade. Entre vocês, há pessoas que podem ser úteis à sociedade. Não repitam os mesmos erros que os trouxeram até aqui”, disse o ministro da Defesa congolês, Constant Mutamba, numa cerimónia realizada na própria prisão de Makala, no domingo.

“É graças à gentileza do Presidente da República [Félix Tshisekedi] que vos liberto, no âmbito da execução do plano do Governo de descongestionamento das prisões para a sua reabilitação”, acrescentou o ministro, citado pela imprensa local.

Nos últimos meses, as autoridades congolesas libertaram centenas de pessoas em Makala e noutras prisões do país.

Segundo os meios de comunicação social locais, mais de 400 prisioneiros deixaram Makala no final de julho, enquanto cerca de 30 foram libertados no início de agosto da prisão central de Kisangani, que estava cheia (mais do dobro da sua capacidade inicial que era para cerca de 500 pessoas), na província central de Tshopo.

No final de agosto, foram libertados mais 120 detidos da prisão de Mbuji-Mayi, em Kasai Oriental.

As últimas libertações acontecem na sequência da tentativa de fuga de Makala, ocorrida na madrugada de 02 de setembro, em que mais de 130 pessoas foram mortas – algumas a tiro pelas forças de segurança e outras por asfixia e empurrões – e pelo menos 195 mulheres foram violadas, por vezes repetidamente e por vários homens.

Esta prisão já tinha sido palco de uma fuga em massa de cerca de 4.500 prisioneiros em 2017, durante o assalto àquele estabelecimento prisional por seguidores da seita Bundu Dia Kongo para libertar o seu líder, Mwana Nsemi.

A prisão de Makala é a maior da RDCongo e, como muitas outras no país, está sobrelotada, abrigando mais de 15 mil presos, embora tenha uma capacidade máxima de 1.500 pessoas.

Lusa

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