Domingo, 6 de Outubro, 2024

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Bancos comerciais aumentam compra de divisas, impulsionados por diversos setores

Luanda – Os bancos comerciais em Angola intensificaram a aquisição de moeda estrangeira no primeiro semestre de 2024, impulsionados por um aumento da oferta proveniente de diversos setores da economia. Segundo dados divulgados pelo Banco Nacional de Angola (BNA), esta quarta-feira (18), as instituições financeiras adquiriram um total de USD 5.076,2 milhões, representando um crescimento de quase 30% em relação ao semestre anterior e uma redução de 14,4% face o período homólogo de 2023.

O Tesouro Nacional destacou-se como um dos principais fornecedores de divisas, com um aumento de USD 733,6 milhões (384,3%) em relação ao semestre anterior. Esse crescimento significativo pode ser atribuído à necessidade de realizar despesas em moeda nacional, o que exigiu a conversão de divisas. O setor petrolífero, embora tenha registado uma contração em relação ao período homólogo, manteve-se como o maior fornecedor de divisas para os bancos, com uma participação de 42,9%, seguido dos outros sectores com 19,9%, do Tesouro Nacional com 18,2% e do sector diamantífero com um peso de 13,3%.

Por sua vez, o BNA deixou de ser o principal provedor de moeda estrangeira, tendo as suas vendas representado, no período em análise, cerca de 5,7% do total comprado pelos bancos.

No período em análise, as vendas de divisas dos provedores regulares, nomeadamente, as empresas do sector petrolífero e diamantífero realizadas na plataforma da Bloomberg, adicionadas as vendas do Tesouro Nacional e as intervenções pontuais e sempre que necessário do BNA, permitiram aos bancos uma compra média mensal de cerca de USD 600,0 milhões e cerca de USD 200,0 milhões de outros clientes fora da plataforma, o que resulta numa média mensal de cerca de USD 800,0 milhões, o que lhes permitiu executar as operações no mercado secundário para pagamentos a não residentes, sobretudo no que se refere às operações de empresas e particulares.

Impacto no Mercado Cambial

O aumento da demanda por divisas por parte dos bancos comerciais, aliado a uma oferta crescente, influenciou o comportamento da taxa de câmbio no segundo trimestre de 2024. Embora o BNA tenha realizado intervenções pontuais no mercado para garantir a estabilidade cambial, a pressão da demanda pode ter contribuído para alguma volatilidade na taxa de câmbio.

Análise:

A taxa de câmbio do Kwanza em relação ao Dólar dos Estados Unidos, no primeiro semestre deste ano, apresentou uma depreciação acumulada de 2,9%, passando de USD/AOA 828,8 em Dezembro de 2023 para USD/AOA 853,6 em Junho de 2024, o que compara com a depreciação de 38,8% registado em igual período de 2023.

No que toca à taxa de câmbio do Kwanza em relação ao Euro, o período encerrou com uma ligeira apreciação do Kwanza face ao Euro na ordem de 0,2%, passando de EUR/AOA 916,0 em Dezembro de 2023 para EUR/AOA 913,7 em Junho de 2024, o que compra com uma depreciação de 40,2% no primeiro semestre de 2023.

De acordo com o BNA, essas ligeiras depreciações do kwanza foi caracterizado pelo aumento da procura por moeda estrangeira fortemente influenciada pelo período de férias, entre outros factores.

Perspectivas de crescimento da economia

O BNA decidiu, esta quinta-feira (19), manter as taxas de juro inalteradas, nomeadamente, a taxa básica de juro, conhecida como taxa BNA, em 19,5% e as taxas de juro de cedência de liquidez em 20,5% e de absorção de liquidez em 18,5%. A decisão visa equilibrar o crescimento económico e o controlo da inflação no país. O BNA justificou a sua decisão com base na desaceleração da inflação mensal nos últimos meses. Apesar de a inflação homóloga ainda se encontrar elevada, a tendência de queda sugere que a meta de 23% para o ano de 2024 possa ser alcançada.

O governador do BNA, Manuel Tiago Dias, que falava à imprensa, no final da 119.ª reunião do Comité de Política Monetária do BNA, afirmou que a redução da inflação é resultado de fatores como a maior oferta de bens essenciais e o controlo da liquidez na economia. Destacou a importância de manter uma política monetária adequada para garantir a estabilidade económica. Além disso, Manuel Tiago Dias expressou confiança na recuperação gradual da economia angolana, impulsionada pelo setor não petrolífero. Manuel Tiago Dias ressaltou a necessidade de diversificar a economia e reduzir a dependência do petróleo.

De acordo o economista Paulo Quissenguel, “a decisão do BNA de manter as taxas de juro inalteradas demonstra a sua cautela face ao cenário económico atual. A redução da inflação e as perspetivas positivas para a economia são sinais encorajadores para o futuro de Angola. No entanto, o país ainda enfrenta desafios significativos, como a diversificação económica e a melhoria da transparência”

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