O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, poderá visitar o nosso país no mês de outubro do corrente ano, para fortalecer os laços económicos, num momento de crescente competição com a China, que tem investido fortemente na região.
Esta informação foi avança esta sexta-feira (13) pela Reuters que cita três fontes familiares com o plano. “A viagem, que ainda está a ser finalizada, deverá ocorrer após a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, e antes das eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para o dia 5 de novembro, de acordo com uma das fontes”, escreve a Reuters salientando que a informação não foi confirmada pela Casa Branca.
O presidente angolano, João Lourenço, foi recebido por Biden na Casa Branca em novembro passado, altura em que o chefe de Estado dos EUA mencionou a possibilidade de uma visita durante o encontro no Salão Oval.
Se vier a acontecer, essa visita seria significativa tanto pela presença inédita de um presidente dos EUA em Angola quanto pelo contexto geopolítico, já que os EUA procuram consolidar parcerias estratégicas com países africanos ricos em recursos, como Angola, para promover interesses econômicos e políticos.
Além disso, a visita ocorre num período sensível para Biden, já que será pouco antes da eleição presidencial nos EUA. Essa viagem pode reforçar a imagem do seu governo como um que valoriza as relações internacionais e democráticas, especialmente num continente que tem visto uma intensificação das influências chinesas e russas.
A visita de Biden a Angola também deve destacar projetos estratégicos em que os EUA estão a investir, como o Corredor do Lobito (ferrovia que liga a República Democrática do Congo ao porto de Lobito). Esse projeto tem o potencial de desobstruir rotas vitais de exportação de cobre e cobalto, essenciais para a indústria tecnológica, ao mesmo tempo que oferece uma alternativa às rotas dominadas pela China. A visita pode ser vista como um esforço claro dos EUA para garantir uma presença mais forte e competitiva na África, particularmente em regiões ricas em recursos naturais.
O contexto diplomático também é relevante, uma vez que Biden já sediou uma cúpula EUA-África em 2022 e, desde então, membros de alto escalão do seu governo, como a vice-presidente Kamala Harris e o secretário de Estado Antony Blinken, têm visitado o continente. Ao visitar Angola, Biden busca cumprir a sua promessa de estreitar laços com democracias africanas, como a do presidente João Lourenço, com quem ele já se reuniu na Casa Branca.
Isso demonstra um reconhecimento da importância crescente de Angola e do continente africano na política global.
Além disso, a viagem ocorre num ambiente diplomático tenso, com as observações depreciativas de Donald Trump sobre países africanos ainda ressoando. A presença de Biden em Angola pouco antes das eleições nos EUA pode ser uma forma de reafirmar o compromisso do seu governo com o respeito e a cooperação internacional, em contraste com a retórica do seu rival republicano.