O Zimbabué iniciará um programa de abate de até 1.000 elefantes no final deste mês para aliviar situações de fome nas comunidades locais e reduzir a pressão sobre os recursos naturais, devido à seca, disse hoje o governo.
“O Zimbabué tem mais elefantes do que precisa e temos mais elefantes do que as nossas florestas podem suportar. Estamos a falar com a ZimParks (Parques Nacionais e Vida Selvagem do Zimbabué) e com algumas comunidades locais sobre o assunto”, afirmou à agência de notícias espanhola EFE o ministro do Ambiente, Clima e Vida Selvagem, Sithembiso Nyoni.
“Vamos fazer o que a Namíbia já fez antes, ou seja, vamos abater elefantes e mobilizar os locais para recolherem a carne e secá-la para beneficiar as comunidades como alimento proteico”, acrescentou Nyoni.
De acordo com o ministro, o abate será efetuado legalmente e ajudará a descongestionar as paisagens do país, que tem uma população total de cerca de 100.000 elefantes, bem como reduzirá os conflitos entre as pessoas e os animais selvagens.
Este é o segundo programa deste tipo que o Zimbabué realiza desde a sua independência do Reino Unido em 1980, tendo o primeiro sido em 1988.
O Zimbabué segue uma decisão idêntica da Namíbia, que anunciou no final de agosto passado o abate de 723 animais, incluindo elefantes, zebras, hipopótamos e búfalos, entre outros, para também aliviar a fome provocada pela seca.
Mais de 30 milhões de pessoas na África Austral estão a ser afetadas por uma seca severa causada pelo El Niño, afirmaram as Nações Unidas no início de junho, apelando à ajuda internacional para evitar a insegurança alimentar.
O impacto crescente do fenómeno meteorológico conduziu a graves défices de precipitação na África Austral, com temperaturas cinco graus acima da média.
De facto, em 2024, a região teve o fevereiro mais seco dos últimos 100 anos, recebendo apenas 20% da precipitação normal esperada para este período.
Mesmo antes da seca, os níveis de insegurança alimentar e de necessidades humanitárias eram elevados, devido aos desafios socioeconómicos, aos elevados preços dos alimentos e às consequências agravadas da crise climática.
Angola, África do Sul, Moçambique, Namíbia, Malawi, Zâmbia e Zimbabué estão a braços com os impactos da seca e os quatro últimos declararam estado de emergência.
Lusa