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Taiwan está a “preparar-se para quarentena, bloqueio ou até invasão” pela China

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Lin Chia-Lung, afirma que o território está a “preparar-se para qualquer possível quarentena, bloqueio ou até invasão” pela China, que serviria sobretudo para Pequim expandir a sua influência.

Num encontro com jornalistas internacionais em Taipé, em que a Lusa participou, o chefe da diplomacia afirmou que “a ambição chinesa de anexar Taiwan é muito clara e óbvia”, mas é “dúbio” se será capaz de o fazer pela força.

Caso a hipótese se concretizasse, a ilha iria defender-se e ganhar tempo para que o apoio dos aliados chegasse, acrescentou o responsável.

“Se a China invadisse realmente Taiwan, não se trataria apenas da assim chamada reunificação da nação chinesa, mas seria mais sobre quebrar a primeira cadeia de ilhas (conjunto de arquipélagos do Pacífico), porque a China quer expandir a sua influência para o Pacífico Ocidental e até para o mundo”.

Nestas declarações, Chia-Lung notou ainda como a imposição de uma eventual quarentena de Pequim a Taiwan “demoraria muito tempo a alcançar os seus objetivos e iria suscitar preocupações da comunidade global”, além de referir que qualquer disrupção nesta área geográfica iria afetar a circulação marítima mundial.

Taiwan está a “preparar-se para qualquer possível quarentena, bloqueio ou até invasão da China”. “Estamos a tentar melhorar a nossa prontidão e preparação”, resumiu o ministro, reiterando que essa ação traduziria uma “violação do ‘status quo'”, assim como uma “ameaça para os países vizinhos”.

China e Taiwan estão separadas desde 1949, altura em que a China se tornou comunista após uma guerra civil.

A China tem procurado excluir Taiwan dos fóruns internacionais, considerando a ilha democrática como uma das suas províncias e não excluiu a opção militar de reunificar a ilha com o continente.

Outra questão levantada pelo ministro taiwanês foi a da “interpretação incorreta da resolução 2785 da Assembleia Geral das Nações Unidas” que traduz uma “guerra jurídica”, estando em causa o quadro adotado em 1971 para a representação da China naquele organismo internacional.

Oficialmente designada como República da China (ROC), Taiwan perdeu o seu lugar na ONU para a República Popular da China (RPC).

Na semana passada, o Departamento de Organizações Internacionais do MNE de Taiwan recordava que o tema do próximo debate geral da ONU é “não deixar ninguém para trás”, mas que “ironicamente os 23,5 milhões de habitantes de Taiwan continuam a ser deixados para trás pelo sistema das Nações Unidas”, uma “grave injustiça” devido à “deturpação maliciosa” resolução por parte da China.

“A China está a tentar estabelecer uma base jurídica para minar a realidade objetiva de que a República da China (Taiwan) é uma nação soberana e despojar Taiwan do seu direito legítimo de participar no sistema da ONU”, acrescenta o texto sobre a ilha, que tem atualmente relações diplomáticas formais com 12 países.

O responsável destacou a recente aprovação pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da Lei de Dissuasão de Conflitos de Taiwan, que prevê sanções sobre contas bancárias de responsáveis chineses em solo norte-americano.

Quanto à União Europeia, enumerou designadamente diretivas que preveem que “se houver qualquer tentativa de pôr em causa o ‘status quo’ na região, o bloco encarará essa tentativa como uma forma de ameaça”.

Também com a “recente desaceleração da economia” na China, a “principal oposição a uma invasão de Taiwan seria a própria população chinesa”, estimou.

Os investimentos em semicondutores nos Estados Unidos, no Japão e na Alemanha, são para o ministro uma “abordagem importante para construir” uma “cadeia de abastecimento democrática, por oposição à grande cadeia de abastecimento apresentada pelo Governo chinês”.

“Porque é muito provável que a China controle um país através da cadeia de abastecimento. Por exemplo, a Huawei construiu anteriormente a sua rede 5G nos países europeus, especialmente na Alemanha, mas agora percebeu-se do risco”, argumentou o ministro, avançando que se está a construir uma “unidade digital e uma rede democrática”.

Esta será uma rede “benéfica para todos os países, porque essa rede está intimamente relacionada com a nossa segurança”, concluiu o chefe da diplomacia do território que produz mais de 60% dos semicondutores do mundo e mais de 90% dos mais avançados. A maioria é fabricada pela Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation (TSMC), cujo investimento na Alemanha foi anunciado no mês passado.

Lusa

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