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Juiz rejeita pedido de Trump para anulação do julgamento após depoimento de Stormy Daniels

O juiz do processo contra o ex-Presidente norte-americano Donald Trump por falsificação de documentos recusou hoje um pedido de anulação do julgamento, submetido pela defesa logo após a ex-atriz pornográfica Stormy Daniels ter testemunhado em tribunal.

Juiz rejeita pedido de Trump para anulação do julgamento após depoimento de Stormy Daniels

Stephanie Clifford, conhecida profissionalmente como Stormy Daniels, confirmou hoje ter mantido um encontro sexual com o político republicano e recandidato este ano à Casa Branca, no seu depoimento no caso contra Trump por falsificação de documentos ao tentar encobrir a relação extraconjugal com um suborno.

Os advogados de Donald Trump pediram a anulação do julgamento, alegando que o depoimento de Daniels violou as regras estabelecidas para que se sentasse no banco das testemunhas.

O advogado Todd Blanche disse que o testemunho sobre o suposto relacionamento sexual com Trump e seu relato detalhado de uma conversa anterior e de outros encontros com Trump “não teve nada a ver com este caso e é extremamente prejudicial”.

Blanche argumentou que “o tribunal estabeleceu barreiras para este depoimento”, mas foi “simplesmente ignorado”, acrescentando que “este é o tipo de testemunho que torna impossível voltar-se atrás”, o que também seria injusto porque Trump teria de sair em campanha ainda hoje.

Na sua conta na rede Truth Social, Trump escreveu: “A acusação não tem um caso, foi longe demais. Anulação!”

No entanto, o juiz Juan M. Merchan recusou o pedido da defesa, alegando que se tenha chegado a um ponto em que a anulação do julgamento seja justificada.

O juiz disse concordar que a ex-atriz às vezes falou mais do que deveria e que “foi um pouco difícil de controlar”, mas culpou a defesa por não se opor com mais vigor quando ela estava a testemunhar.

A acusação por sua vez defendeu o depoimento de Daniels após o pedido de anulação do julgamento, argumentando que se referia às razões de Trump para silenciá-la.

O Ministério Público acusa Trump de 34 crimes por suposta falsificação de documentos, numa trama com a qual teria tentado esconder o pagamento em plena campanha eleitoral em 2016 a Stormy Daniels para comprar o seu silêncio e não falar sobre a relação extraconjugal ocorrida dez anos mais cedo.

As acusações que Trump enfrenta remontam a uma investigação lançada pelo gabinete do procurador distrital de Manhattan na sequência de um suposto plano do magnata para esconder vários escândalos sexuais na comunicação social.

Michael Cohen, ex-advogado do político republicano e que também era vice-presidente da Trump Organization, providenciou o pagamento, fornecendo o referido valor do seu próprio bolso e o ex-líder norte-americano é acusado de devolver a verba escondendo-a em diversas despesas legais nos registos da empresa.

O caso é o primeiro julgamento criminal de um ex-Presidente dos Estados Unidos e o primeiro de quatro processos contra Trump a chegar a um júri.

Cohen foi condenado em dezembro de 2018 a três anos de prisão.

A antiga atriz afirmou em tribunal que, no suposto encontro, o magnata norte-americano não a agrediu verbal ou fisicamente, embora tenha assinalado um “desequilíbrio de poder” entre os dois e soubesse que o guarda-costas se encontrava no exterior.

“Contei a muito poucas pessoas que tínhamos tido uma relação sexual porque tinha vergonha de não a ter interrompido [a tempo]”, explicou, acrescentando que, após o encontro, saiu “o mais rapidamente que pôde”.

Stormy Daniels detalhou que Trump, que ela disse ter visto como um homem da idade do seu pai, na altura com 60 anos, não lhe deu dinheiro ou o seu número telefone “ou qualquer coisa assim”, nem lhe pediu que mantivesse o encontro confidencial ou expressasse preocupação por causa da sua mulher, Melania Trump.

Interrogada pelo procurador, Daniels contou como um encontro inicial num torneio de golfe, onde discutiram a indústria de filmes adultos, evoluiu para um breve encontro sexual que, segundo afirmou, Trump teve a iniciativa depois de a convidar para jantar e seguir para a sua suíte no hotel.

Após terem estado juntos, relatou: “Foi muito difícil encontrar os meus sapatos porque as minhas mãos tremiam muito”.

Trump terá dito que esperava voltar a encontrar a ex-atriz, mas ela “apenas queria ir embora.”

Desde que o encontro foi revelado, Daniels emergiu como uma antagonista da versão de Trump, partilhando a sua história num livro e na televisão e criticando e o ex-Presidente com tiradas pejorativas.

O juiz Juan M. Merchan rejeitou repetidamente as tentativas de Daniels de descrever o encontro de forma mais vívida, retirando várias das suas respostas dos registos oficiais do julgamento.

Alegadamente, Cohen pagou a Daniels após ter recebido a informação de que ela estava disposta a fazer declarações oficiais ao National Enquirer ou na televisão confirmando um encontro sexual.

Stormy Daniels testemunhou que, após terminar o prazo para o pagamento de 130 mil dólares (120 mil euros), Michael Cohen desapareceu sem que a verba fosse transferida, mas depois o acordo foi retomado, tendo o seu advogado e agente recebido as suas partes e ela acabado com cerca de 96 mil dólares (89 mil euros).

Depois de multar Trump em mil dólares (982 euros) na segunda-feira por violar novamente uma ordem de silêncio, o juiz disse que estava preparado para mandar Trump para a prisão se continuar a violar um mandato judicial que o proíbe de falar publicamente sobre jurados, testemunhas e alguns outros atores ligados ao caso.

Trump já tinha sido multado em nove mil dólares (8,3 mil euros) na semana passada por outras violações desta ordem.

O presidente da autarquia de Nova Iorque, Eric Adams, disse hoje que os agentes penitenciários discutiram a possibilidade de ter de receber Donald Trump após as últimas sanções impostas pelo tribunal.

“Temos de nos ajustar a tudo o que surgir no nosso caminho”, disse Adams, recusando-se a entrar em detalhes: “Não queremos lidar com hipóteses, mas são profissionais. Eles estarão prontos.

Lusa

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