A Organização Não-Governamental (ONG) Centro de Integridade Pública afirmou hoje que agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) balearam na quinta-feira oito manifestantes da Renamo em Angoche, província de Nampula, um dos quais ficou em estado grave.
“Há cinco hospitalizados, um dos quais em estado grave, que teve de ser transferido para Hospital Central de Nampula”, refere um comunicado daquela ONG, que observou as sextas eleições autárquicas de 11 de outubro e que a está a acompanhar o processo eleitoral seguinte em todo o país.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição) denunciou na quinta-feira que pelo menos seis pessoas ficaram feridas na cidade de Angoche, província de Nampula, alegadamente após a intervenção da PRM durante um protesto contra os resultados eleitorais das autárquicas.
De acordo com fonte da Renamo, os feridos foram baleados por elementos da PRM durante uma manifestação em que foi exibido um caixão com os símbolos da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder).
“O povo aqui não fez nada, simplesmente foi por causa do caixão, cada um tem sua forma de manifestar, não sabemos onde está o crime e qual o tipo legal de crime que o povo cometeu”, descreveu a Renamo.
A Lusa tentou contactar a PRM de Nampula, mas sem sucesso até ao momento.
O Conselho Constitucional, última instância judicial de recurso eleitoral, deu um prazo de 24 horas, que se esgotou na quinta-feira, para a Comissão Nacional de Eleições (CNE) — que pediu, entretanto, um prorrogamento – entregar editais de apuramento eleitoral em vários municípios, entre os quais Angoche, na sequência do recurso apresentado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) aos resultados eleitorais.
As ruas de algumas cidades moçambicanas, incluindo Maputo, têm sido tomadas por consecutivas manifestações da oposição apelidadas como de “repúdio” à “megafraude” no processo envolvendo as eleições autárquicas de 11 de outubro e os resultados anunciados pela CNE, que atribuiu a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) em 64 das 65 autarquias do país, e que têm sido fortemente criticados pelos partidos da oposição, sociedade civil e organizações não-governamentais.
A Renamo, que nas anteriores 53 autarquias (12 novas autarquias foram criadas este ano) liderava em oito, ficou sem qualquer município, apesar de reclamar vitória nas maiores cidades do país, com base nas atas e editais originais das assembleias de voto, tendo recorrido para o Conselho Constitucional, última instância de recurso no processo eleitoral.
Alguns tribunais distritais chegaram a reconhecer irregularidades no processo eleitoral e ordenaram a repetição de vários atos eleitorais, enquanto na rua se realizam regularmente manifestações de contestação aos resultados anunciados.