O governo da província de Luanda disse hoje que estão disponíveis cerca de 60 mil bancadas em 114 mercados existentes na capital angolana para o enquadramento de vendedoras de rua, informou um responsável pelo reordenamento do comércio.
O governo provincial realizou uma conferência de imprensa para esclarecimentos sobre o Plano de Reordenamento do Comércio em curso na capital angolana, na sequência de um protesto que juntou centenas de mulheres ‘zungueiras’ (vendedoras ambulantes), da zona do São Paulo, que realizaram uma marcha contra a proibição das vendas.
A porta-voz do Plano de Reordenamento do Comércio, que abordou a situação na Avenida Ngola Kiluanje e na rua Cónego Manuel das Neves, Nádia Neto, disse que foram já cadastradas 400 vendedoras ambulantes e a previsão é que este número venha a aumentar nos próximos dias.
Nádia Neto frisou que o processo de cadastro teve início em janeiro deste ano, com a sensibilização e registo das vendedoras, que terminará apenas “quando os objetivos forem concretizados”.
Segundo Nádia Neto, o processo de cadastro é gratuito, bem como o acesso aos mercados, sendo necessário apenas a apresentação de uma fotografia e cópia do bilhete de identidade.
No exterior do mercado do São Paulo, um conjunto de pessoas estão a realizar o processo de cadastro, disse Nádia Neto, frisando que naquela área existem ‘zungueiras’ de vários pontos da província.
“Este cadastramento visa também entender de onde é que as senhoras vêm, o que é que facilita para cada uma delas, temos os mercados localizados nos novos municípios de Luanda e caberá às senhoras escolher o mercado onde querem ser enquadradas, mas essa escolha tem que ser organizada, porque tão logo fechem as vagas de determinados mercados vamos ter que passar para os mercados que estiverem disponíveis”, vincou.
A responsável avançou que há muita preferência pelo mercado do São Paulo, reconhecendo que as vagas naquela zona são limitadas.
Nádia Neto sublinhou que as cerca de 60 mil bancadas já estão disponíveis e prontas a serem ocupadas para as pessoas cadastradas.
“Neste momento em que falamos estão a ser reenquadradas vendedeiras neste mercado e no mercado da Chapada”, referiu.
Questionada sobre o que terá levado as ‘zungueiras’ a manifestarem-se, apesar da informação e sensibilização feita, Nádia Neto disse que é preciso ter calma e “procurar recolher todas as informações respeitantes a esse processo”.
“Devemos entender que esse é um processo que corre desde o mês de janeiro, temos feito vários trabalhos de sensibilização dentro das Gajajeiras (zona de armazéns) e das avenidas Cónego Manuel das Neves e Ngola Kiluanje desde janeiro, temos estado a informar às vendedeiras, aos estabelecimentos comerciais, à comissão de moradores, que foi feito um Plano de Reordenamento do Comércio e que visa justamente organizar estas zonas e que este plano seria a qualquer momento executado”, explicou.
De acordo com a porta-voz, o primeiro eixo foi a informação, a sensibilização e cadastro e o segundo eixo é o enquadramento das vendedoras dentro dos mercados, sendo que o plano abrange igualmente o reposicionamento dos estabelecimentos comerciais, a verificação dos armazéns nestes perímetros e o reordenamento do processo de recolha dos resíduos sólidos.
“É preciso nesta altura muita calma, que possamos todos nos dirigir a este ponto de cadastramento, obter todas as informações necessárias para podermos ir para o próximo passo”, apelou.
“Eu acho que há uma preocupação [das ‘zungueiras’] por causa da informação, nós temos estado a conversar com as coordenadoras e elas é que têm feito o trabalho junto das vendedeiras (…) acreditamos que falando com as próprias senhoras elas vão poder manifestar quais são os seus receios, nós estamos apenas concentrados em criar todas as condições para que elas venham vender nos locais autorizados pelo governo provincial”, salientou.
Para Nádia Neto, “as ruas não oferecem a segurança necessária”.
“Temos criadas as condições nos nossos mercados e estamos a aguardar por todas elas que estão disponíveis”, acrescentou, sublinhando que as mulheres “estão autorizadas a continuar a fazer a sua ‘zunga’, um ato que faz parte da sociedade desde o passado”.
“Não estamos a combater as mamãs ‘zungueiras’, elas vão continuar a fazer a sua ‘zunga’, o que estamos a fazer neste momento é reordenar o comércio, é tirar as vendedeiras dos locais não autorizados e redirecioná-las para os locais autorizados, os mercados. Neste período elas vão-nos ajudar na concretização desse processo, fazendo o seu cadastramento e sendo reencaminhada ao local mais próximo”, concluiu.
Lusa