O anúncio oficial da recandidatura de Joe Biden à Presidência norte-americana conseguiu agradar aos Democratas, que veem com otimismo os resultados do seu mandato, mas também os Republicanos, que olham para o octogenário como um “alvo fácil”.
Ao romper da manhã de terça-feira nos Estados Unidos, Biden oficializou a sua candidatura às presidenciais de 2024, não apanhando ninguém de surpresa, uma vez que há vários meses que vinha afirmando publicamente que o anúncio estaria para breve.
O anúncio veio em formato de vídeo, precisamente no dia em que se cumpriram quatro anos desde que lançou a campanha eleitoral que o levou à Casa Branca, após derrotar Donald Trump no sufrágio de 2020.
A resposta do partido rival não tardou, com o Comité Nacional Republicano – órgão político máximo do partido – a lançar igualmente um vídeo com um representação sombria do futuro caso seja reeleito Biden, que classificaram de “Presidente mais fraco” que os Estados Unidos já tiveram.
Publicamente, várias figuras Republicanas como o ex-presidente Donald Trump ou a líder do partido, Ronna McDaniel, advogaram que Biden não merece mais quatro anos, porque tudo o que fez foi “criar crises” e “destruir os Estados Unidos”.
Contudo, nos bastidores da oposição a sensação foi de otimismo e entusiasmo, por verem no Democrata “um alvo fácil” a atacar na campanha eleitoral que se avizinha.
“Biden é um alvo fácil”, disse ao jornal Politico o estratego Republicano David Carney, num momento em que os conservadores planeiam jogar com as incertezas que pesam sobre o octogenário, insistindo na idade e na fragilidade de Joe Biden e definindo-o como o Presidente em exercício mais fraco a concorrer à reeleição desde Jimmy Carter, há 44 anos.
“O Presidente está numa forma notavelmente fraca para um candidato à reeleição”, disse o Republicano Bill McInturff, que codirigiu uma sondagem recente da NBC News que mostra Biden a perder para um candidato Republicano aleatório.
Por outro lado, e apesar de os números das sondagens permanecerem baixos para Biden, os Democratas acreditam que o atual Presidente está em terreno muito mais sólido para disputar as próximas eleições do que qualquer candidato Republicano.
A maioria dos políticos Democratas tem declarado publicamente o seu apoio a Biden – que completaria 86 anos no final de um segundo mandato -, mostrando uma unidade que contrasta com as profundas divisões no partido rival.
Os Democratas mostram-se confiantes de que os resultados de Biden a nível legislativo e os seus mais de 50 anos de experiência em Washington vão sobrepor-se às preocupações em torno da sua idade.
Numa análise ao anúncio de recandidatura, o jornal The New York Times destacou alguns pontos a favor de Biden, como o “baixo desemprego, uma economia notavelmente resiliente e um histórico invejável de realizações legislativas” alcançados no seu mandato.
Entre as figuras Democratas que manifestaram apoio a Biden estão o ex-presidente Barack Obama e a antiga candidata presidencial Hillary Clinton.
“Tenho orgulho de tudo o que Joe Biden e o seu Governo realizaram nos últimos anos. Ele trabalhou em benefício do povo norte-americano e continuará a fazê-lo assim que for reeleito. Vamos trabalhar!”, disse Obama numa mensagem na rede social Twitter.
Também no Twitter, Hillary Clinton, que continua a ter um grande peso dentro do partido, expressou o seu apoio a Biden e à vice-presidente Kamala Harris, a primeira mulher a chegar a esse cargo.
“Joe e Kamala são as melhores pessoas para o trabalho de defender a Democracia, lutar pelos nossos direitos e garantir que todos tenham uma oportunidade”, disse Clinton, que perdeu a eleição de 2016 para Donald Trump.
O Comité Nacional Democrata manifestou igualmente apoio total a Joe Biden e já disse que não planeia organizar debates para as primárias do partido, indicando que o Presidente deverá concorrer sem grande oposição dentro da sua formação política.
Além dos Democratas, o senador independente e ex-candidato presidencial Bernie Sanders confirmou na terça-feira o seu apoio a Biden, afirmando que fará tudo ao seu alcance para garantir que seja reeleito.
“A última coisa que o país precisa é de um Donald Trump ou qualquer outro demagogo de direita que vai tentar minar a democracia americana ou retirar o direito de escolha às mulheres ou ignorar a crise da violência com armas, o racismo, o sexismo e a homofobia”, disse Sanders, de 81 anos, que mantém uma alta popularidades entre o eleitorado mais jovem.
Já nas ruas de Nova Iorque e de Washington, o anúncio da recandidatura de Biden foi recebido entre entusiasmo e ceticismo.
Louise Stamp, uma aposentada de 66 anos ouvida pela agência AFP disse estar “satisfeito” com o histórico do Presidente, avaliando que a mudança no país “não acontece da noite para o dia”.
Para Rodney Grimes, um nova-iorquino de 59 anos, a idade de Biden “não é um critério” de escolha.
“Para os mais velhos, como para os mais jovens, se a sua mente está intacta, se a sua saúde está boa, a sua idade realmente não importa”, defendeu este apoiante de Joe Biden.
Já em Washington, Roger Tilton vê precisamente na idade de Joe Biden um impedimento para um segundo mandato.
“Tenho 72 anos. Ele é mais velho do que eu. Realmente é muito velho para este cargo. Joe Biden fez um trabalho muito bom, mas a minha mente não está tão aguçada como há 20 anos, e não há chance de a dele também estar”, observou o aposentado.
Lusa