O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Marcos Souto, elogiou hoje os esforços do Governo angolano para a estabilidade económica, apesar de haver “muito trabalho a ser feito”.
“Há que se reconhecer, foi levantado um peso considerável nesses últimos três anos em condições extremamente difíceis, principalmente para um país exportador de petróleo como Angola. O ano de 2020 foi um ano muito difícil e apesar de tudo isso se perseverou em medidas complicadas, complexas, difíceis de serem introduzidas”, disse Marcos Souto.
O representante do FMI falava na primeira edição do Angola Economic Outlook 2023, que se realizou em Luanda.
Questionado sobre o apoio do FMI ao Governo de Angola, Marcos Souto afirmou que “não é ainda” o resultado que gostaria de ver.
“Há muito trabalho a ser feito, mas é importante que a gente continue com o nosso esforço”, realçou.
Marcos Souto destacou que o principal risco para a economia angolana “ainda permanece no preço do petróleo”, pelo que “é preciso reduzir a exposição a esse risco”, com um peso cada vez maior de outros setores na atividade económica em Angola.
Em 2020, devido à pandemia de covid-19 e a baixa do preço do petróleo, o país que estava numa tendência de melhoria dos seus indicadores macroeconómicos foi afetado por esses fatores e exposição, sublinhou o responsável.
“Eu acho que isso é uma questão fundamental, um dos temas principais desse debate, foi colocada por diversos líderes da equipa económica, inclusive do ponto de vista de importância dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento a questão da diversificação económica”, acrescentou.
O representante do FMI em Angola realçou que o Estado angolano por si só não tem condições para todo o esforço necessário para se atingir a diversificação e crescimento económico inclusivo e para se criar melhores condições para a população, inclusive mais empregos.
“O Governo por si só não tem condições, não tem recursos suficientes para isso. Ouvi aqui diversas vezes nas perguntas a questão de vamos dar mais subsídios para isso, para aquilo, para empréstimo, os recursos governamentais são limitados e as necessidades são inúmeras”, observou.
Segundo Marcos Souto, a alocação de recursos tem que ser feita “de uma forma judiciosa”, havendo necessidade de se identificar as principais causas que levam por exemplo à dificuldade de se obter crédito.
“Não é simplesmente uma questão da taxa de juros elevada, não é simplesmente uma questão de se impor aos bancos um determinado de comportamento, talvez não estejam preparados, há aqui questões de natureza estruturais que precisam ser abordadas, começando por exemplo, a questão da capacidade humana, para que a população tenha condições de apresentar projetos que sejam bancáveis, que os bancos se sintam confortáveis em investir”, sublinhou.
Lusa