Ed Sheeran compareceu à corte federal dos Estados Unidos nesta terça-feira (25) para um julgamento que determinará se o astro do pop britânico plagiou a música “Let’s Get It On”, do ícone americano do soul Marvin Gaye, em seu sucesso, “Thinking Out Loud”, de 2014.
Os dirigentes da indústria musical estão acompanhando de perto esse processo por direitos autorais, já que pode estabelecer um precedente para a proteção das criações dos compositores e abrir a porta para desafios legais em outros lugares.
Este é o segundo julgamento em um ano para Sheeran, que depôs em um tribunal de Londres em abril de 2022 em um caso sobre “Shape Of You”, outra ação legal emblemática de direitos autorais iniciada por dois músicos. Na ocasião, porém, o juiz decidiu a favor dele.
No caso de Nova York, são discutidas as supostas “surpreendentes semelhanças e elementos comuns evidentes” entre as músicas de Gaye e Sheeran.
– Casos anteriores –
Os demandantes são os herdeiros de Ed Townsend, um músico e produtor que é coautor do clássico soul lançado por Gaye em 1973, que também estiveram no tribunal nesta terça.
“Estou aqui por justiça, protegendo as propriedades intelectuais do meu pai”, afirmou Kathryn Townsend Griffin, filha de Townsend, aos jornalistas em frente à corte.
A família de Gaye não faz parte do processo contra Sheeran, embora já tenha processado com sucesso os artistas Robin Thicke, Pharrell Williams e T.I. pelas semelhanças entre a canção “Blurred Lines” e “Got to Give it Up”, de Gaye. A justiça determinou uma indenização de US$ 5 milhões.
“Thinking Out Loud”, de Sheeran, disparou nas paradas da Billboard Hot 100 dos Estados Unidos quando foi lançada. E com ela o artista ganhou o prêmio de Canção do Ano no Grammy de 2016.
Segundo a família de Townsend, o grupo Boyz II Men fez mixagens das duas músicas e Sheeran também as combinou no palco.
A equipe de Sheeran contestou as acusações dos herdeiros de Townsend. Afirmam que “há dezenas, senão centenas, de músicas anteriores e posteriores” à música de Gaye, “que usam a mesma progressão de acordes ou uma similar”.
“Estas misturas são irrelevantes para qualquer tema do caso e seriam enganosas [e] confundiriam o júri”, destacou.
Um musicólogo contratado pela defesa afirma em documentos judiciais que a sequência de quatro acordes foi utilizada em várias canções antes de a música de Gaye ser lançada em 1973.
A ação, apresentada em 2016 e reafirmada em 2017 após ser rejeitada por questões processuais, também cita a Sony.
No julgamento do ano passado em Londres, o cantor qualificou o processo como um símbolo dos litígios sobre direitos autorais que vão longe demais, podendo sufocar a criatividade.
O juiz concordou e declarou que Sheeran não havia copiado “nem deliberada, nem inconscientemente” parte da melodia da canção “Oh Why”, de Sami Chokri e Ross O’Donoghue. No entanto, reconheceu as similaridades entre as duas músicas.
AFP