Quinta-feira, 12 de Dezembro, 2024

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Presidente de São Tomé e Príncipe pede inquérito sobre “tentativa de golpe de Estado”

O Presidente da República de São Tomé e Príncipe pediu hoje um inquérito para esclarecer o ataque de sexta-feira, considerando que se tratou de “uma tentativa de golpe de Estado” por quem não aceita resultados das eleições.

“A dimensão do ato não é completamente conhecida. Faço um apelo a todas as instituições para que se proceda à investigação, que se procede aos inquéritos necessários para que a justiça seja feita, para que se encontre todas as razões e mutuações do ato. Precisamos de conhecer, porque dúvidas não há – aquilo que hoje sei e tenho informação [é que] foi claramente uma tentativa de golpe de Estado contra as instituições e seus dirigentes”, disse Carlos Vila Nova.

As declarações do chefe de Estado foram feitas após a reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional de São Tomé e Príncipe, que foi convocado com caráter de urgência para analisar os acontecimentos registados em 25 de novembro, quando quatro homens, civis, atacaram o quartel das Forças Armadas do país.

Na declaração, inicialmente divulgada na página do Governo e só mais tarde na da Presidência, Carlos Vila Nova sublinha que o golpe de Estado não foi consumado “por razões que ainda não se conhecem”, sendo por isso necessário “ir à profundidade das questões” e “conhecer todos os detalhes”.

O Presidente da República são-tomense afirmou que este caso já foi entregue à justiça, estando a Polícia Judiciária e o Ministério Público a investigar, no quadro da separação de poderes.

“Só espero que nunca mais volte a acontecer no país, como também espero que se clarifique as motivações, os atos e as razões de tais práticas por pessoas que não se conformam em não ser eleitas, serem escolhidas e a respeitarem o que é a manifestação popular através do voto”, precisou.

O chefe de Estado posicionou-se “contra qualquer tentativa de usurpação do poder constitucionalmente instituído pela via da força, usando armas, precedendo a ataques de uma instituição militar que pauta pela defesa de instituições democraticamente eleitas” e por “órgãos democraticamente eleitos”.

“Face aos incidentes ocorridos a partir da madrugada de 25, em que houve claramente uma tentativa de subversão da ordem constitucional com invasão do quartel do Morro por indivíduos estranhos à unidade, o país viveu momentos tensos e de alguma apreensão”, frisou, lamentando a perda de vidas humanas.

O chefe de Estado de São Tomé manifestou “sentimento de pesar às famílias enlutadas” e felicitou “a firmeza e pronta resposta das Forças Armadas perante este ato orquestrado” e “bem preparado”.

“Ninguém tenta invadir um quartel às forças para que de lá se encontre rebuçados ou outro tipo de material, foi para que se apropriasse de material bélico com a cumplicidade de muitos elementos do interior das forças, o que tornou a operação mais difícil e mais complicada”, disse.

Carlos Vila Nova felicitou ainda as autoridades “por terem sabido reagir” e defendido a nação e as instituições democraticamente eleitas.

Na madrugada de sexta-feira, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, e em que fizeram refém o oficial de dia, ferido com gravidade devido a agressões.

O ataque foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa) de sexta-feira, com a detenção dos quatro assaltantes e de alguns militares suspeitos de envolvimento na ação. Foram também detidos pelos militares o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves (que concluiu o mandato no início deste mês) e Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, alegadamente identificados pelos atacantes como mandantes.

Dos quatro atacantes, três morreram, bem como o suspeito Arlécio Costa.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas são-tomense, Olindo Paquete, disse que os três atacantes do quartel morreram após uma explosão e que Arlécio Costa morreu porque “saltou da viatura”, mas garantiu uma investigação a alegadas agressões aos detidos.

Lusa

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