Quinta-feira, 19 de Setembro, 2024

O seu direito à informação, sem compromissos

Search
Close this search box.

Pesquisar

Comissão da ONU pede parecer jurídico sobre ocupação de Israel

Uma comissão da ONU aprovou hoje um projeto de resolução pedindo ao Tribunal Internacional de Justiça um parecer urgente sobre as consequências jurídicas de negar ao povo palestiniano o direito à autodeterminação após as ações de Israel desde 1967.

Israel, que no final da guerra de 1967 ocupou o território palestiniano e tem desde então mantido aquele povo confinado à Cisjordânia e à Faixa de Gaza, contestou veementemente a medida, argumentando que ela destruirá qualquer hipótese de reconciliação com os palestinianos.

O pedido foi aprovado na Comissão Especial de Política e Descolonização da Assembleia-Geral da ONU com 98 votos a favor, 17 contra e 52 abstenções. A resolução seguirá agora para uma votação final, antes do fim deste ano, na Assembleia de 193 Estados-membros, onde a sua aprovação é quase certa.

O projeto de resolução aponta a violação por Israel do direito palestiniano à autodeterminação, “com a sua prolongada ocupação, colonização e anexação do território palestiniano ocupado desde 1967, incluindo medidas destinadas a alterar a composição demográfica, o caráter e o estatuto da cidade santa de Jerusalém e a sua adoção de legislação e medidas discriminatórias afins”.

Se o projeto for aprovado, a resolução pedirá ao Tribunal Internacional de Justiça que se pronuncie sobre como estas políticas e práticas israelitas “afetam o estatuto jurídico da ocupação e quais são as consequências legais que daí resultam para todos os Estados e para a ONU”.

O Tribunal Internacional de Justiça, também conhecido como tribunal mundial, é um dos principais órgãos das Nações Unidas e tem como missão resolver conflitos entre países. Contudo, os seus pareceres não são vinculativos.

Não é a primeira vez que é pedido a esta instância judicial um parecer relacionado com o conflito israelo-palestiniano, que dura há quase 75 anos.

Em 2004, o tribunal disse que uma barreira que Israel construíra, sobretudo dentro da Cisjordânia ocupada e em Jerusalém oriental — que, juntamente com a Faixa de Gaza, são os territórios com que os palestinianos tencionam formar o seu novo Estado -, era “contrária ao direito internacional”.

O projeto de resolução exige também que Israel cumpra a decisão do tribunal de 2004 e pare de erigir o muro, o destrua e pague indemnizações por todos os danos causados pela sua construção, “que teve um grave impacto nos direitos humanos” e condições de vida dos palestinianos.

O pedido de um novo parecer foi uma de seis resoluções relacionadas com os palestinianos hoje aprovadas pela Comissão Especial de Política e Descolonização.

Antes da votação, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse aos Estados-membros da ONU que eles podiam escolher entre apoiar negociações israelo-palestinianas ou “serem cúmplices da destruição de qualquer esperança de reconciliação” e da perpetuação do conflito entre Israel e os palestinianos.

Advertiu também de que “envolver um órgão judicial num conflito com décadas só para impor as exigências de uma das partes à outra garantirá muitos mais anos de estagnação”.

“Ao recorrer ao tribunal, é dada aos palestinianos a desculpa perfeita para continuar a boicotar as negociações e perpetuar o conflito”, acrescentou o diplomata israelita.

Depois da votação, o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, expressou gratidão aos Estados-membros que aprovaram as seis resoluções e citou o discurso do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, na sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, em que este instou à mobilização de “todos os elementos da ordem internacional vigente, assente no direito internacional, incluindo a justiça internacional”.

Mansour agradeceu aos países que votaram a favor da resolução e afirmou que “nada justifica apoiar a ocupação e a anexação israelitas, a sua expulsão e expropriação do povo” palestiniano.

“O nosso povo tem direito à liberdade”, sustentou, acrescentando: “Esta ocupação tem de acabar”.

“Chegará o dia em que o nosso povo colocará a bandeira da Palestina sobre as igrejas de Jerusalém e as mesquitas de Jerusalém e Haram al-Sharif”, declarou o diplomata palestiniano, dizendo o nome muçulmano do lugar sagrado na cidade velha de Jerusalém que os israelitas designam como Monte do Templo.

Lusa

×
×

Cart