O Presidente da República, João Lourenço, disse esta sexta-feira que o futuro do petróleo está seriamente ameaçado porque os países industrializados, os grandes consumidores, estão a encontrar alternativas à energia fóssil, defendendo a necessidade de se encontrar outras fontes de divisas.

“Esta realidade coloca-nos o desafio de termos de pensar em produtos que nos dão divisas fora do petróleo”, salientou João Lourenço.
O Titular do Poder Executivo fez estas declarações durante a sessão especial do Conselho de Ministros, dedicada ao processo de elaboração dos Planos Integrados de Intervenção para cada uma das províncias do país.
“Vamos eleger um, dois, três produtos e investir seriamente neles, porque está claro que não vamos poder fazer com todos ao mesmo tempo”, afirmou.
“Li algures que a Etiópia ganha biliões a exportar café. Nós até já fomos grandes produtores e exportadores de café. Porquê não retomamos esta produção?”, interrogou-se João Lourenço.
“Os produtos do nosso rico mar (…) a Namíbia é um bom exemplo, faz fortuna a exportar peixe, marisco…”, rematou.
Há que pensar nisso, avançou João Lourenço, ter a audácia de apostar em produtos que nos garantem divisas, que nos permitem arrecadar recursos financeiros fora do petróleo.
Por outro lado, o Presidente da República defendeu a construção de pequenas unidades hospitalares que atenderão, em primeira linha, os cidadãos.
Em relação aos hospitais de maior dimensão, o Presidente João Lourenço referiu que já estão definidos, construídos ou vão surgir.
“Muitos destes últimos até já possuem fontes de financiamento identificadas”, disse o Estadista angolano que falou, igualmente, da construção de estradas, arruamentos no interior das cidades e vias circulares.
Trata-se de acções que João Lourenço considerou fundamentais para os próximos cinco anos, principalmente, as estradas circulares que evitam que se passe no interior das cidades nas viagens interprovinciais.
Segundo o Presidente da República, as estradas que ligam Angola aos países limítrofes (Congo, RDC, Zâmbia e Namíbia) são igualmente outra prioridade do mandato 2022/2027.
A par do sector de estradas, apontou o desenvolvimento do transporte ferroviário, na perspectiva da sua projecção internacional, como acaba de ser sinalizado com a entrada em cena de um consórcio para gerir o Corredor do Lobito
No segmento do ensino superior público, o Presidente João Lourenço defendeu a necessidade de inverter o actual quadro, em que, maioritariamente, os estudantes do ensino superior fazem-no em universidades privadas.
“O rácio hoje é, com efeito, 60% de estudantes universitários no ensino privado e 40% de estudantes universitários no ensino público”, observou.
Quanto ao sector de água e luz, o Chefe de Estado entende ser importante avançar com o processo de se interligar as regiões Sul e Leste de Angola à rede nacional de electricidade.
Exigiu maior trabalho a fim de permitir que mais água chegue às populações em todo o país. Entretanto, mencionou alguns casos que considerou críticos como Ndalatando e Dondo (Cuanza- Norte), bem como Lubango (Huíla) “sem água mesmo com o rio a passar por ali”.
Na ocasião, o Titular do Poder Executivo notou que o país está melhor em termos de fornecimento de energia eléctrica à população do que em matéria de disponibilização de água.
“Alguma coisa não está bem até porque os investimentos em energia são mais caros do que os investimentos para o fornecimento de água. Temos de pensar seriamente nisto”, disse.
No sector da habitação, o Presidente João Lourenço entende que se deve priorizar a infra-estruturação de terrenos para a auto-construção dirigida. “Esta é a solução, muito mais do que a aposta na construção de centralidades”.
Na sua intervenção, o Estadista angolano disse que compete ao Estado a infra-estruturação de terrenos, levar a água e a electricidade a esses pólos, bem com fazer arruamentos.
Angop/Jornal O Guardião