O antigo braço direito de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva, escreveu uma carta ao Presidente João Lourenço a manifestar disponibilidade para colaborar com as autoridades angolanas.

Citado pelo Observador, Mário Leite terá revelado detalhes sobre o processo de reembolso dos 72 milhões de euros de financiamento que a petrolífera Sonangol acordou com o falecido esposo de Isabel dos Santos, o empresário Sindika Dokolo, para ter uma participação na Galp.
Segundo a carta de 51 páginas de Mário Leite da Silva, a que o Jornal Observador teve acesso, Isabel dos Santos terá utilizado a sua empresa, Exem Energia Investimentos, como meio de reembolsar a Sonangol pelo acordo de financiamento realizado com o marido da empresária, para adquirir uma participação na Galp. Isabel dos Santos, também líder da Sonangol, terá autorizado a transação de 72 milhões de euros, sendo que o seu marido, Sindika Dokolo, terá registado um ganho de 12 milhões de euros.
Em causa, está o reembolso feito em kwanzas que, posteriormente, foi devolvido pela petrolífera que exigia o reembolso com a mesma moeda do financiamento.O antigo braço direito de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva, escreveu uma carta ao Presidente João Lourenço a manifestar disponibilidade para colaborar com as autoridades angolanas.
O gestor considera também que Manuel Vicente, ex-vice-Presidente angolano e antigo líder da Sonangol, também sob investigação em Portugal, está a ser protegido e a beneficiar de uma diferença de tratamento por parte das autoridades angolanas, acusando-o de ter supervisionado e ter total conhecimento dos pormenores do negócio entre a companhia energética e a Exem.
Mário Leite acusa, igualmente, o Presidente João Lourenço, e o Procurador-Geral de Angola, de ocultarem acordos entre a Sonangol e Isabel dos Santos das autoridades holandesas.
Mário Leite da Silva é arguido, ao lado de Isabel dos Santos, em diversos processos em Portugal e Angola, mas o gestor procura agora separar a sua “situação jurídica” face à da empresária.