A justiça federal brasileira ordenou esta quarta-feira (22) a prisão de Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação do presidente Jair Bolsonaro, por suposta corrupção e tráfico de influência para favorecer aliados de pastores evangélicos com recursos públicos.
“Com base em documentos, depoimentos e o Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União reunidos no inquérito policial, foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas”, informou a Polícia Federal (PF) em nota.
O jornal Folha de S.Paulo revelou em março um áudio em que o ex-ministro garantiu que, a pedido de Bolsonaro, daria prioridade à liberação de recursos destinados à educação para municípios governados por “amigos” de dois influentes pastores.
Ribeiro renunciou ao Ministério da Educação em 28 de março, uma semana depois de estar no centro do escândalo e com a investigação que determinou sua prisão nesta quarta-feira aberta por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro, que em março disse que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro e chamou a acusação de “covardia”, tentou se desvincular de seu ex-ministro nesta quarta-feira.
“Que ele (Ribeiro) responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas se tem algum problema a PF está agindo, investigando, é um sinal que eu não interfiro na PF. Isso aí vai respingar em mim obviamente, eu tenho 23 ministros, mais uma centena de secretários, mais de 20 mil cargos em comissão.. se alguém fizer alguma coisa de errado vai botar a culpa em mim?”, disse Bolsonaro em entrevista nesta quarta-feira.
Ribeiro assumiu suas funções em julho de 2020 no governo de Bolsonaro, que chegou ao poder apoiado pelo eleitorado evangélico.
Além de Ribeiro, a polícia tenta cumprir outras quatro ordens de prisão e 13 mandados de busca nos estados de Goiás (centro-oeste), São Paulo (sudeste), Pará (norte) e no Distrito Federal.
O crime de tráfico de influência tem uma pena prevista de entre 2 e 5 anos de prisão. A PF disse que outros possíveis crimes como corrupção passiva e prevaricação também estão sendo investigados.
AFP