O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que está envolvido numa polémica por alegadamente ter escondido mais de quatro milhões de dólares em dinheiro, foi escoltado em segurança para fora do Parlamento hoje após tumultos provocados pela esquerda radical na oposição.
Vários deputados do partido Economic Freedom Fighters (EFF), segundo maior partido da oposição na África do Sul, foram hoje expulsos e afastados à força pelos serviços de segurança de uma sessão do Parlamento em que iria intervir o Presidente.
O chefe de Estado sul-africano deveria participar no debate sobre o orçamento da Presidência que apresentou na quinta-feira, mas a sessão foi marcada por intermináveis pontos de ordem do EFF que culminaram na expulsão dos deputados da boina vermelha.
No início da sessão na Assembleia Nacional, na Cidade do Cabo, o partido de Julius Malema, antigo líder da ala da juventude do ANC, o partido no poder desde 1994, pediu vários pontos de ordem para impedir a intervenção do chefe de Estado, referindo-se a Ramaphosa como “o branqueador de dinheiro”.
O EFF citou a queixa criminal apresentada na semana passada contra o chefe de Estado pelo ex-chefe da secreta, Arthur Fraser, por lavagem de dinheiro, sequestro e corrupção.
Segundo a acusação, apresentada numa esquadra de polícia em Joanesburgo, e a que a Lusa teve acesso, Arthur Fraser alega que o valor monetário ronda entre os 4 milhões de dólares (3,7 milhões de euros) e os 8 milhões de dólares. Uma empregada doméstica terá recebido 150.000 rands (8.939 euros) para manter o silêncio sobre o alegado incidente, adiantou.
Segundo o partido de esquerda radical, o Presidente sul-africano “não deveria ser autorizado a dirigir-se ao Parlamento” depois do alegado furto milionário da sua quinta de caça na província de Limpopo há dois anos.
O Presidente Ramaphosa encontra-se sob crescente pressão pública para esclarecer as circunstâncias do incidente na quinta de Phala Phala, com a oposição a pedir a sua demissão, mas Ramaphosa já rejeitou essa pretensão.
Denunciando “truques sujos” e “intimidação”, o Presidente garantiu no Parlamento na quinta-feira que não seria “dissuadido por ameaças de qualquer tipo”, repetindo que a luta contra a corrupção continua a ser “uma prioridade”.
“Não vacilaremos. Não vamos pestanejar. Vamos terminar o que foi iniciado”, disse Ramaphosa, que sucedeu a Jacob Zuma, forçado a demitir-se em 2018 após uma série de escândalos.
Ramaphosa suspendeu na quinta-feira a advogada Busisiwe Mkhwebane do cargo de procuradora-geral da República (PGR) do país, que tinha sido nomeada pelo antigo líder sul-africano Jacob Zuma e é acusada pela Presidência de parcialidade.
A decisão surge um dia depois de Mkhwebane ter anunciado a abertura de um inquérito público a Ramaphosa. Nos últimos anos, a responsável lançou uma série de investigações envolvendo o Presidente, incluindo sobre doações de campanha e acusações de violações de ética.
Lusa