Quinta-feira, 14 de Novembro, 2024

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Vídeo: imagens contradizem versão da polícia sobre incidente de Caculo Cabaça

Imagens que circulam nas redes sociais contradizem a versão da Polícia Nacional sobre o incidente que ocorreu na quinta-feira (23) no projeto hidroelétrico de Caculo Cabaça, segundo o qual, as forças policiais “foram envolvidas pelos manifestantes munidos de objetos corto-contundentes, facto que motivou a utilização de armas de fogo”, que resultou em dois mortos e 8 feridos.

No vídeo, vê-se que as forças policiais estão a uma dezena de metros dos trabalhadores que se manifestam pacificamente. Também vê-se que os manifestantes não estão de forma alguma munidos de objectos corto-contundentes como alega a polícia no seu comunicado.

Também é visível no vídeo que do nada, sem confrontação alguma, a polícia a distância, começa a disparar contra trabalhadores indefesos, tendo causado a morte a dois trabalhadores e oito outros ficaram feridos.

No seu comunicado, o comando provincial do Cuanza Norte alega que os trabalhadores insatisfeitos terão protagonizado um ato de vandalismo envolvendo bens patrimoniais (viaturas, geradores, material de escritório, portas e janelas), na quarta-feira, no interior do projeto hidroelétrico, “alegando incumprimentos dos pontos do caderno reivindicativo apresentado à identidade patronal”.

No dia seguinte, o grupo de trabalhadores “continuou o ato de rebelião, tendo investido de forma violenta visando a vandalização das instalações e ataque à integridade física dos cidadãos chineses”. Num “cenário de confrontação”, as forças policiais que se deslocaram ao local “foram envolvidas pelos manifestantes munidos de objetos corto-contundentes, facto que motivou a utilização de armas de fogo, tendo alguns disparos atingido oito cidadãos”.

UNITA condena o acto e pede responsabilização dos autores

A UNITA condenou esta quarta-feira os incidentes ocorridos no projeto hidroelétrico de Caculo Cabaça e pediu “responsabilização dos autores materiais”.

Em comunicado divulgado ontem à imprensa, a UNITA recorda que o ato resultou também em vários feridos e “condena com veemência” a atuação policial uma vez que os atos “aconteceram na sequência de reclamações justas dos trabalhadores”.

“E insta as autoridades a porem cobro aos atentados à vida e à dignidade humana, que são direitos constitucionalmente consagrados”, lê-se num comunicado do comité permanente da comissão política da UNITA.

A UNITA pediu também “responsabilização civil e criminal” dos autores materiais e morais “destes hediondos” crimes e apela às entidades empregadoras, públicas e privadas, a “primarem sempre pelo diálogo para a solução das justas reivindicações dos trabalhadores”.

Reação do governo

O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, estabeleceu ontem, terça-feira, 15 dias para que trabalhadores do projeto hidroelétrico de Caculo Cabaça e a direção da empreiteira chinesa CGCG coloquem fim ao impasse.

João Baptista Borges reuniu-se na sexta-feira com os trabalhadores grevistas envolvidos na construção da hidroelétrica de Caculo Cabaça, província do Cuanza Norte, que “exigem” aumento salarial, melhores condições laborais, alimentação e assistência médica e medicamentosa.

As preocupações dos trabalhadores, plasmadas num caderno reivindicativo, centraram a conversa que o governante manteve com os trabalhadores e a direção da empreiteira chinesa CGCG (China Gezhouba Group Company).

Após auscultar as partes, João Baptista Borges exortou estas a “encontrarem entendimento dentro dos marcos da lei, tendo apontado os próximos 15 dias como data razoável para assinatura de um acordo entre as partes”, lê-se num comunicado da entidade ministerial.

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