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Sistema Swift, peça essencial das finanças mundiais e arma para sancionar a Rússia

Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) chegaram na segunda-feira (30) a um acordo para excluir três bancos russos, entre eles o Sberbank, do sistema de comunicação financeira Swift, uma decisão que os priva do acesso a uma peça essencial das transações bancárias internacionais.

Sberbank, a principal instituição bancária russa, afirma que esta sanção terá um efeito limitado porque o banco já foi afetado por outras sanções desde o início da ofensiva de Moscovo contra a Ucrânia em fevereiro.

Qual é o impacto real desta arma financeira, que já foi aplicada a sete bancos russos desde março?

O que é o Swift?

O Swift, fundado em 1973, é um sistema de mensagens bancárias e financeiras. A empresa, um acrônimo para Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, está sediada em Bruxelas.

O Swift, que não está listado na bolsa de valores, está organizado como uma cooperativa de bancos. A empresa se apresenta como neutra.

Foi o criador do código BIC, que identifica um banco por meio de um código único composto de 8 a 11 caracteres, levando em consideração o nome do banco, seu país de origem, sua localização e a agência que processou o ordem em questão.

Para quê serve o Swift?

O sistema, implantado para substituir a tecnologia telex, serve para garantir o trânsito de ordens de pagamento entre bancos, ordens de transferência de fundos de clientes bancários, ordens de compra e venda de títulos, entre outros.

A empresa destaca sua confiabilidade no seu site e afirma trabalhar com “mais de 11.000 organizações bancárias e de valores mobiliários, infraestruturas de mercado e clientes corporativos em mais de 200 países e territórios”.

O papel do Swift vai além das finanças: um acordo assinado em 2010 pelos Estados Unidos e a União Europeia permite oficialmente que o Tesouro americano acesse dados de bancos europeus por meio da rede, em nome do combate ao terrorismo.

O que representa o Swift na Rússia?

Segundo a página da associação nacional Rosswift, a Rússia é o segundo país, depois dos Estados Unidos, em número de usuários, e cerca de 300 bancos e instituições russas fazem parte do sistema.

Mais da metade das entidades de crédito russas está representada no Swift, segundo a mesma fonte.

No entanto, Moscovo está criando sua própria infraestrutura financeira, seja para os pagamentos (cartões “Mir”, que querem ser o equivalente à Visa e Mastercard), classificação financeira (agência Akra) ou as transferências, por meio de um sistema chamado SPFS.

O Sberbank destacou nesta terça-feira (31) que a decisão de Bruxelas não afeta as operações internas da Rússia, que não dependem do Swift.

Há precedentes?

A exclusão do Sberbank e outros dois bancos russos não é um caso isolado: em março, sete bancos russos foram desconectados do sistema financeiro internacional.

Gazprombank, o braço financeiro do gigante dos hidrocarbonetos por meio do qual se realiza a maior parte dos pagamentos pelas entregas de petróleo e gás russo à UE, permanece no sistema.

Antes da invasão russa da Ucrânia, o Swift já havia “suspendido” em novembro de 2019 o acesso de alguns bancos iranianos à sua rede como parte das sanções estabelecidas pelos Estados Unidos contra o Irão.

O Irão também ficou desconectado do sistema Swift de 2012 até 2016.

É uma arma eficaz?

Cortar o acesso de um banco à rede Swift significa proibi-lo de receber ou emitir pagamentos por meio deste canal. Por sua vez, também representa a proibição de que as instituições estrangeiras negociem com esse banco.

Isso complica as trocas económicas entre os países que usam o Swift e a Rússia, especialmente para a compra de gás, do qual Moscovo é um importante fornecedor.

No caso do Sberbank, Estados Unidos e Reino Unido já haviam aplicado fortes sanções. “A exclusão do Swift não muda em nada a situação para as transações internacionais”, disse o banco nesta terça-feira.

Retirar um país tão importante como a Rússia do Swift também poderia acelerar o desenvolvimento de um sistema alternativo, com a participação da China, por exemplo.

AFP

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