A coordenadora residente das Nações Unidas em Angola disse hoje, em Luanda, que reconhecer e valorizar vendedores informais como agentes ativos da economia angolana “é crucial, mas não suficiente” para gerar mudança nas suas vidas.
Zahira Virani, que discursava na sessão de abertura do Fórum de Inclusão Financeira para o Desenvolvimento, referiu que apesar dos avanços na agenda de inclusão financeira no país, grandes segmentos da população ainda continuam excluídos do sistema financeiro, em particular, os trabalhadores informais, que são “uma vasta força económica e uma considerável fonte de emprego em Angola”.
A ministra da Ação Social, Família e Promoção da Mulher disse, na abertura do fórum, que as estatísticas indicam a necessidade de haver maior empenhamento de Angola no reforço das ações de empoderamento da mulher.
Faustina Alves de Sousa sublinhou que empoderar as mulheres é uma prioridade para se alcançar os objetivos na redução dos índices de pobreza, referindo que dados do Censo populacional de 2014 indicam que 52% da população angolana é feminina e 53% economicamente ativa também são mulheres.
Segundo a governante, o ministério que tutela, em parceria com o Ministério da Economia e Planeamento, desenvolve políticas que promovem o desenvolvimento sustentável da mulher, igualdade e equidade de género, capacitando mulheres nomeadamente no agronegócio e na pesca.
Em 2021, segundo Faustina Alves de Sousa, o protocolo de parceria no domínio da literacia financeira assinado entre o seu ministério e o Banco Nacional de Angola permitiu realizar 105 ações de educação financeira, com um registo de 2.737 participantes, maioritariamente jovens mulheres, organizadas por grupos sociais, em 14 províncias do país.
A ministra destacou igualmente campanhas de sensibilização em oito províncias, que resultou na abertura de 1.020 contas bancárias simplificadas, incluído a “Banquita” e atribuídos 154 cartões multicaixa.
Por sua vez, a secretária de Estado da Economia, Dalva Ringote, sublinhou que o executivo angolano “encara com importância significativa o aumento da inclusão financeira para melhorar a vida de muitos, sobretudo a vida dos mais vulneráveis”.
Dalva Ringote frisou que a visão do Governo é criar mais oportunidades de fazer negócios e tornar cada angolano autossuficiente e economicamente empoderado.
Na sua intervenção, a embaixadora da União Europeia (UE) em Angola, Jeannette Seppen, realçou que o Instrumento Europa Global afeta um montante de quase 80 mil milhões de euros à cooperação com países fora da UE, no período 2021-2027, dos quais 275 milhões de euros são para Angola, para os anos 2021-2024.
Jeannette Seppen frisou que o compromisso da UE com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com a inclusão financeira não se iniciou hoje, mencionando o projeto de Apoio no Acesso a Financiamento “Envolver”, que contribui para a capacitação e treino no acesso ao crédito para micro, pequenos e médios empresários, e promove a literacia financeira.
“‘Envolver’, liderado pelo Ministério da Economia e Planeamento e implementado no Inapem [Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas], em colaboração com a Agência para a Competitividade e Inovação [de Portugal], abre as portas para os empreendedores perceberem que tipo de soluções são oferecidas pelo setor financeiro à economia angolana, para criar uma maior facilidade de interação técnica entre emprestadores e empreendedores”, referiu.
Seppen disse que “incentivados pelo desejo de contribuir a uma resposta à alta taxa de informalidade em Angola, de 75,36% em média, e ainda mais alta para mulheres e para jovens entre 15-24 anos”, a União Europeia apoia os esforços do Governo na formalização e diversificação da economia em Angola, através de várias iniciativas.
De acordo com a Jeannette Seppen, a UE está a trabalhar na preparação de apoio orçamental diretamente ao Orçamento Geral do Estado, para contribuir na realização do Programa de Reconversão da Economia Informal, que visa, entre os seus objetivos, promover a inclusão financeira dos agentes formalizando, através da utilização do ‘Mobile Money’, facilitação de acesso às contas bancárias, apoio à criação das micro e pequenas empresas, e acesso a microcréditos.
Lusa