Em Angola, um falso recrutamento para a Polícia Nacional leva cerca de 120 pessoas a serem burladas. Os valores rondam 150 mil e 500 mil kwanzas.
O esquema começou em Luanda e só foi descoberto no interior da província do Bengo, quando as vítimas foram transportadas para o Comando Municipal da Polícia do Ambriz, local onde supostamente teriam uma formação.
Duas das vítimas, que preferiram não gravar entrevista por motivos de segurança, avançaram à DW África que foi a sede de encontrar empregos que os levou cair na armadilha. Abalados com a situação, esperam agora que as autoridades responsabilizem os infratores.
“Seis viaturas e os cidadãos foram conduzidos para o comando municipal do Ambriz para os devidos esclarecimentos”, disse, esta semana, o porta-voz da delegação Provincial do Bengo do Ministério do Interior, o inspetor-chefe Gaspar Luís.
“Presume-se que [as burlas] terão começado quando [as vítimas] foram comunicadas por uma pessoa. Segundo essa, para conseguirem uma vaga na Polícia Nacional, as vítimas tinham que desembolsar – cada uma delas – a quantia de 150 mil kwanzas (cerca de 335 euros)”, acrescentou.
Duas vítimas disseram à DW África que foi a vontade de encontrar empregos que os levou cair na armadilha (foto ilustrativa).
Cadastramento das vítimas
Segundo o inspetor-chefe, com o cadastramento das vítimas, o suposto burlão entendeu ter criadas as condições para o golpe. Alugou seis viaturas e percorreu cerca de 200 quilómetros para abandoná-las junto a uma unidade policial no município do Ambriz.
“No dia 15 de abril, teriam recebido uma chamada de um número desconhecido que orientou-lhes para se deslocarem no local indicado na Via Expressa (Luanda) onde permaneceram durante três dias e em seguida foram orientados a se apresentarem na Escola Martires da Môngua, no Ambriz”, disse.
O analista Amílcar de Armando lamenta os elevados índices de desemprego que se registam no país, e fala em ingenuidade por parte das vítimas.
“Como é possível dar-se mais de 500 mil kwanzas (cerca de 1.125 euros) a uma pessoa que não se conhece?”, disse, “o que há na cabeça destas pessoas? Tanto desespero!”, acrescentou.
DW África