O resultado de um aguardado inquérito interno no Governo britânico a “festas” que alegadamente violaram as restrições durante a pandemia covid-19 foi hoje entregue ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que fará esta tarde uma declaração no Parlamento.
O relatório da funcionária pública Sue Gray, a quem foi confiada a realização do inquérito, era esperado na semana passada, mas a abertura de uma investigação criminal implicou que a informação sobre alguns eventos tenha sido reduzida a “referências mínimas” para não prejudicar o trabalho da polícia.
Um porta-voz de Johnson disse hoje que Gray “forneceu uma atualização sobre as suas investigações ao primeiro-ministro”.
O relatório será publicado esta tarde, antes de o primeiro-ministro apresentar as conclusões aos deputados, na Câmara dos Comuns.
Mesmo que Sue Gray não possa entrar em detalhes sobre os eventos potencialmente violadores da lei que decorreram em Downing Street, onde estão a residência oficial e gabinete do primeiro-ministro, o conteúdo pode ser mesmo assim danoso e crítico de Johnson.
Boris Johnson tinha pedido aos seus colegas do Partido Conservador e à oposição para esperar pelo resultado do inquérito antes de responder aos pedidos de demissão.
Depois de inicialmente negar a realização de qualquer festa, argumentando que se tratou de “eventos de trabalho”, e de insistir que “todas as regras foram cumpridas”, Boris Johnson acabou por admitir irregularidades e pediu desculpas aos deputados e à Rainha Isabel II.
Ainda que “tecnicamente se pudesse dizer que se enquadrava nas regras, existem milhões e milhões de pessoas que simplesmente não pensam desta forma”, declarou, pedindo “desculpas sinceras”.
Vários parlamentares conservadores pediram publicamente a demissão de Johnson, mas outros decidiram esperar.
É necessário que 54 entreguem “cartas de desconfiança” para desencadear uma moção de censura interna, a qual poderá ser convocada num espaço de horas após ser atingido o número necessário.
O jornal The Times contabilizou 18 alegadas “festas” que ocorreram em edifícios do Governo ou do Partido Conservador com a presença de ministros, assessores do primeiro-ministro, funcionários públicos, funcionários do Partido e o próprio Boris Johnson.
De acordo com vários meios de comunicação, oito destas “festas” estão a ser investigadas pela polícia.
O chamado “partygate” causou uma onda de indignação entre os britânicos, impedidos de se encontrar com amigos e familiares durante meses em 2020 e 2021 para conter a propagação da covid-19.
Dezenas de milhares de pessoas foram multadas pela polícia por desrespeitarem as regras.
Johnson e aliados têm tentado desvalorizar o escândalo, que tem ocupado tempo e energia de um Governo com crises em várias frentes, nomeadamente na Ucrânia, a pandemia e o aumento do custo de vida.
Porém, sondagens mostram uma queda na popularidade de Boris Johnson, de 57 anos, eleito em 2019 com uma maioria absoluta histórica graças à promessa de concretizar o ‘Brexit’.
Lusa