Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Chuvas deixam 1500 pessoas desabrigadas em Malanje

Centenas de famílias estão ao relento no município de Kakuzo por causa das chuvas fortes que caíram nas últimas semanas. A administração municipal realojou famílias num aviário, sem condições de habitabilidade.

Maria Frederico conta que as paredes da sua casa desabaram com a fúria das águas. Num só dia, chegou a chover dez horas sem parar. Em entrevista à DW, a jovem de 28 anos diz-se preocupada com a saúde dos seus cinco filhos, “que estão a sofrer com a humidade”. “Só demos conta que a casa caiu, quando a parede bateu no chão. Estava ao lado das crianças, mas as crianças foram mesmo rápidas e saíram da parede”.

Gritos de socorro

A casa de Sebastião António também ficou destruída. O camponês, pai de oito filhos, foi acolhido por um vizinho. Pede agora apoio ao Executivo de Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, o governador da província de Malanje. “Estou a sofrer muito. Molhou mesmo com a chuva… junto com os meus filhos… quero cama, colchão e todas as coisas da casa que estragaram”, pede.

A maioria das casas dos bairros periféricos de Kakuzo foi construída em zonas de risco. Isto mesmo lembra a camponesa Ana Francisco, que vive no bairro da Kaxinda.

 “O local onde estamos não está bom. Para aqui escorre muita água. A água que passa para a vala bate também aqui na parede, e entra água”, mostra à nossa reportagem.

No bairro da Gajajeira, a situação é idêntica. Como conta à DW, Daniel Paulo, “a água toda que vem de cima não tem um desvio próprio. O Governo deveria ter feito uma vala que desviasse a água para não atingir a população ou o bairro. Mas como não fez, as casas estão a sofrer danos”.

Realojamento em aviário

A administração municipal de Kakuzo realojou as famílias afetadas num aviário distante da vila e do setor de Matete, o epicentro da destruição. Mas há munícipes que rejeitaram o local por não ter acomodações adequadas nem ser possível cumprir as medidas de prevenção contra a Covid-19.

O camponês Bernardo Soares critica a forma como as autoridades lidaram com as pessoas. “Não concordo em aglomerarem-nos num sítio por causa da Covid-19… não acho bem, porque eu vivo com as crianças e apanhar a Covid-19 é complicado”, explica.

Outra das preocupações tem a ver com as próprias instalações do aviário, que não tem teto. No entanto, sugeriu a administradora municipal de Kakuzo, Joana de Mato, o problema pode ser resolvido cobrindo o local com as chapas das casas destruídas pelas chuvas.

“Em tempos, teve um incêndio lá naqueles lados. As pessoas fizeram queimadas e incendiaram praticamente as chapas do aviário. O que nós estávamos a fazer e o que dissemos às famílias é que nós iríamos ajudar, e que as chapas estavam a sair das casas destruídas. Ajudámos algumas famílias a pegar naquilo para fechar os locais onde elas estão a ficar”, explicou a administradora,

O Governo de Malanje distribuiu alimentos e roupas às famílias afetadas pelas chuvas.

DW África

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