A ministra das Finanças de Angola disse hoje que a comunidade internacional tem de perceber que os investimentos em combustíveis fósseis vão continuar no país, servindo também para financiar a transição energética para energias mais limpas.
“Precisamos de compreensão, em primeiro lugar; isto é um processo, não podemos cortar todo o investimento em combustíveis fósseis porque precisamos de fazer essa transição” para energias mais limpas, disse Vera Daves de Sousa durante uma conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para assinalar os 60 anos do departamento africano.
Questionada pelo moderador sobre se tem tido apoio da comunidade internacional para financiar a transição energética, a ministra das Finanças acrescentou que Angola está disponível para construir projetos em conjunto com o setor privado neste sentido.
“Estamos mais do que abertos a construir, a lançar, projetos conjuntos sobre fontes limpas de energia, para atrair investimento privado”, vincou a governante, salientando que esta é uma das apostas que está a ser feita com o Banco Mundial.
“Estamos a trabalhar com o Banco Mundial para fornecimento de água e na agricultura para lidar com o desafio da seca, principalmente no sul do país, para tornar a agricultura mais resiliente às alterações climáticas”, disse a governante.
Falando sobre a transição energética que Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, está a fazer, Vera Daves de Sousa disse que “é preciso começar a trabalhar agora, mas com objetivos de médio prazo” e apontou as áreas da energia hídrica e solar como as prioritárias na nova política energética do país.
“Estamos à procura de investir em fontes limpas de energia no fornecimento de eletricidade, o nosso foco é a energia hídrica e solar, com investimento público ou privado, o foco são estas fontes de energia”, salientou a governante.
Para Vera Daves de Sousa, a transição energética é inescapável, não só pela diminuição das reservas petrolíferas de Angola, mas também por necessidades ambientais e de evolução da própria estratégia empresarial das companhias petrolíferas.
“Estamos a negociar com uma companhia petrolífera um investimento privado numa fábrica solar para aumentar a produção de fontes limpas de energia, o que mostra que mesmo as petrolíferas estão também a reformar as suas estratégias”, apontou a ministra, concluindo que a receita petrolífera está a ser canalizada para “criar valor no setor não petrolífero”.
A conferência do FMI contou com a participação de várias personalidades africanas ou ligadas ao departamento africano no FMI, incluindo a líder da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iwaela, o ministro das Finanças da Costa do Marfim, Adama Coulibaly, e o antigo presidente do Banco Africano de Desenvolvimento Donald Kaberuka.
Lusa