O Presidente congolês, Felix Tshisekedi, assegurou hoje que o exército ugandês, presente na República Democrática do Congo (RDCongo) desde 30 de novembro, permanece no país apenas o tempo necessário para combater os rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF).
No seu discurso anual sobre o estado da nação, antes da reunião no congresso, o chefe de Estado mencionou oficialmente, e pela primeira vez, a intervenção do exército ugandês em solo congolês, desencadeada através do seu acordo com o seu homólogo do Uganda.
Desde o início do seu discurso, o Presidente afirmou a sua determinação em “não poupar esforços para restaurar a paz e a segurança” no leste do país, que tem sido atormentado pela violência armada há mais de 25 anos.
Explicou que esta situação o tinha levado a declarar um estado de emergência nas províncias de Kivu Norte e Ituri, no início de maio.
Esta medida permitiu, segundo Tshisekedi, “que as linhas fossem deslocadas” pois as “fortalezas anteriormente ocupadas pelo inimigo” tinham sido retomadas pelo exército.
“Além disso, algumas forças terroristas estão também a operar noutros países vizinhos”, declarou.
As ADF são exemplo desta presença externa uma vez que “são especialmente ativas na fronteira comum entre o Uganda e a RDCongo”. explicou.
Estabelecidas na RDCongo desde 1995, as ADF são consideradas o grupo armado mais mortífero dos que atuam no leste do país, sendo responsáveis pelo massacre de milhares de civis.
São também acusadas pelo Presidente do Uganda de serem responsáveis pelos recentes ataques no seu país, reivindicados pela organização rebelde Estado Islâmico (EI).
“Assim, para os combater mais eficazmente, os nossos dois países concordaram recentemente em reunir esforços para conduzir operações conjuntas contra este inimigo comum”, anunciou Felix Tshisekedi.
“O nosso parlamento foi devidamente informado, e eu assegurarei que a presença do exército ugandês no nosso solo seja limitada ao tempo estritamente necessário para estas operações”, concluiu.
As populações locais, cansadas de décadas de violência, saudaram a operação militar ugandesa contra as ADF.
Todavia, os cidadãos querem que seja limitado no tempo devido ao trauma que têm de intervenções externas, especialmente devido ao papel que o Ruanda e o Uganda tiveram na destabilização do país nos anos 90.
Lusa