O Presidente angolano disse hoje, num debate com o seu homólogo português, que as relações de amizade e cooperação entre os dois países estão num “nível bastante alto”, sublinhando que os relacionamentos pessoais ajudam a que isso aconteça.
“Tive a felicidade de durante este meu primeiro mandato termos sabido manter a um nível bastante alto as relações de amizade e cooperação entre os nossos dois países, entre Angola e Portugal, a todos os níveis, incluindo a nível pessoal, não obstante, no caso de Portugal o chefe de Estado ser de uma família política e o primeiro-ministro ser de outra”, afirmou João Lourenço, num debate virtual com Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito do Fórum Euro-África
“Isto não terá ofuscado de forma nenhuma as boas relações que Portugal está a conseguir manter com Angola e Angola com Portugal”, reforçou.
Para o chefe de Estado angolano, aliás, as relações pessoais das lideranças políticas ajudaram a que se construísse o bom nível das relações entre os dois países.
“As relações pessoais também ajudam. Portanto, nós soubemos construir ao longo dos anos essa mesma relação com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e com o primeiro-ministro António Costa”, salientou.
João Lourenço apontou como exemplo que, no seu entender, retrata as boas relações entre os dois países, a ajuda oferecida pelo Governo português para que Angola consiga alcançar o compromisso que assumiu com os angolanos de proceder à exumação dos corpos das vítimas do 27 de maio de 1977, massacre levado a cabo na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado.
“Devo dizer que em maio do corrente ano, nós anunciamos que iríamos dar início à exumação dos restos mortais das vítimas do 27 de maio. E dois ou três dias depois o primeiro-ministro de Portugal ligou para mim a oferecer os seus préstimos, de técnicos especialistas que Portugal tem neste domínio, o que foi imediatamente aceite”, referiu Lourenço.
“Portanto, um pequeno episódio para refletir o nível das relações entre os nossos países”, concluiu.
O debate entre os Presidentes da República português e angolano, em formato digital, foi o ponto alto da 4.ª edição do Fórum Euro-África, que começou na quarta-feira e terminou hoje, numa iniciativa do Conselho da Diáspora Portuguesa, presidido por António Calçada.
O Conselho da Diáspora Portuguesa é uma rede mundial portuguesa fundada em 2012 e que tem como principal objetivo a valorização da marca, imagem e reputação de Portugal. Atualmente conta com 90 conselheiros, que trabalham em diferentes campos, desde a cultura à economia, passando pela cidadania e ciência.
Estes conselheiros estão espalhados por 27 países, 47 cidades e cinco continentes.
O debate centrou-se na cooperação entre Europa e África, e nas relações económicas entre os dois continentes.
A agenda do fórum incluiu sete painéis: Perspetivas sobre Economia para a Europa e África após o Acordo de Comércio Livre, Trabalho Digital e Plataformas e Tecnologias Digitais, A Revolução da ID Digital, Abrir caminho para o Crescimento Verde e Transições Inclusivas, Cultura e Mercado, e Media e Digitalização.
Entre os oradores estiveram empresários, ativistas, líderes, decisores públicos e privados, e outros agentes que deram o seu contributo para o diálogo entre a África e a Europa.